2017-11-30 13:41:00

Papa em Bangladesh: resolver questões políticas sobre refugiados de Rakhine


Depois da cerimónia de boas-vindas, no aeroporto internacional de Daca, em Bangladesh, o Papa Francisco visitou o Memorial Nacional dos Mártires, em Savar, prestou homenagem ao Pai da Pátria no Bangabandhu Memorial Museum e assinou o Livro de Honra. A seguir, foi a visita de Cortesia ao Presidente da República Abdul Hamid, no Palácio Presidencial, onde também teve lugar o encontro com as Autoridades políticas e religiosas do País, o Corpo Diplomático e representantes da sociedade civil.

No seu discurso o Papa começou por agradecer ao Presidente pelo convite a visitar o País, ressaltando que a sua presença é para rezar com os irmãos e irmãs católicos e oferecer-lhes uma mensagem de estima e encorajamento, seguindo as pegadas dos Papa Paulo VI e João Paulo II que também visitaram o País.

Em seguida o Papa falou do Bangladesh, uma nação que se esforça por alcançar uma unidade de linguagem e cultura com o respeito pelas diferentes tradições e comunidades, e que enriquecem a vida política e social do país:

“No mundo de hoje, nenhuma comunidade, nação ou Estado pode sobreviver e progredir no isolamento. Como membros da única família humana, precisamos uns dos outros e estamos dependentes uns dos outros”.

Os pais fundadores do Bangladesh também haviam imaginado uma sociedade moderna, pluralista e inclusiva, onde cada pessoa e cada comunidade pudesse viver em liberdade, paz e segurança, respeitando a inata dignidade e igualdade de direitos de todos – reiterou o Papa.

O futuro desta jovem democracia e a saúde da sua vida política dependem essencialmente da fidelidade a esta visão fundadora, disse o Papa no seu discurso, pois só através dum diálogo sincero e do respeito pelas legítimas diversidades é que um povo pode reconciliar as divisões, superar perspetivas unilaterais e reconhecer a validade de pontos de vista divergentes.

Em seguida o Pontífice falou do espírito de generosidade e solidariedade da sociedade do Bangladesh, bem visível nos meses passados a favor dos refugiados chegados em massa ao País, acolhidos de modo a proporcionar-lhes abrigo temporário e provisões para as necessidades primárias da vida, algo que se conseguiu à custa de muito sacrifício. E Francisco acrescentou:

“Nenhum de nós pode deixar de estar consciente da gravidade da situação, do custo imenso exigido de sofrimentos humanos e das precárias condições de vida de tantos dos nossos irmãos e irmãs, a maioria dos quais são mulheres e crianças amontoados nos campos de refugiados. É necessário que a comunidade internacional implemente medidas resolutivas face a esta grave crise, não só trabalhando por resolver as questões políticas que levaram à massiva deslocação de pessoas, mas também prestando imediata assistência material ao Bangladesh no seu esforço por responder eficazmente às urgentes carências humanas”.

Francisco referiu-se também ao encontro que terá amanhã em Ramna com os Responsáveis ecuménicos e inter-religiosos, para juntos, rezarem pela paz. E louvou o clima de respeito mútuo e diálogo inter-religioso no Bangladesh:

“Num mundo onde muitas vezes a religião é – escandalosamente – usada para fomentar a divisão, revela-se ainda mais necessário um tal género de testemunho do seu poder de reconciliação e união”.

Na verdade, como as autoridades religiosas do País indicaram o ano passado após o brutal ataque terrorista em Daca, “o santíssimo nome de Deus não pode jamais ser invocado para justificar o ódio e a violência contra outros seres humanos, nossos semelhantes” – enfatizou o Papa.

E a terminar, o Pontífice falou do papel dos católicos do Bangladesh que, embora em número relativamente reduzido, procuram desempenhar um papel construtivo no desenvolvimento da nação, especialmente através das suas escolas, clínicas e dispensários.

Nas suas escolas, a Igreja procura promover uma cultura do encontro, que tornará os alunos capazes de assumir as suas próprias responsabilidades na vida da sociedade – rematou o Papa:

“Tenho a certeza de que a Comunidade católica, de acordo com a letra e o espírito da Constituição Nacional, continuará a gozar da liberdade de levar por diante estas boas obras como expressão do seu empenho a favor do bem comum”.

E Francisco concluiu invocando sobre todos e sobre o povo do Bangladesh as bênçãos divinas da harmonia e da paz.

(BS)








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