REPAM: a questão amazônica à luz da Palavra de Deus


Brasília (RV) – “Um modelo de desenvolvimento que tem como consequência uma crescente desigualdade e injustiça social e ambiental”: é o que se está verificando na Amazônia. E a Encíclica do Papa Laudato si, com o próximo Sínodo dos Bispos da Pan-amazônia, no Vaticano, vêm para ajudar a própria Igreja a tomar consciência da importância desta região e deste momento decisivo na sua história.

Nos últimos dias, se reuniram em Brasília representantes de todos os regionais da CNBB na Amazônia para refletir juntos sobre a Laudato si, depois dos 15 seminários promovidos pela Rede Eclesial Pan-amazônica, REPAM, em 2016 e 2017.

À luz da Palavra de Deus, foram analisadas problemáticas presentes na região: terra, água, territórios, saberes e espiritualidade dos povos nativos, formação pastoral e incidência política; a questão urbana, mulheres na Amazônia, fluxos migratórios e tráfico de pessoas.

Protagonistas, os povos amazônicos tiveram voz. Ouça Maria Lucélia, e na sequência, Dom Erwin Kräutler, Presidente da REPAM-Brasil, entrevistados pela Irmã Osnilda Lima, assessora de imprensa da REPAM.

Maria Lucélia:“Para mim o que ficou muito forte foi este compromisso com o cuidado com a vida na Amazônia. Nós sempre vimos pessoas vir para usufruir daquilo que temos: a terra, a floresta, as águas. Agora, ficamos muito felizes porque vemos pessoas que querem cuidar, querem somar conosco, caminhar conosco, aprender junto... Vejo muito forte a questão da inculturalidade; todos se responsabilizando juntos. Cada povo com seu jeito, mas com o mesmo propósito: cuidar. Vejo que a REPAM é uma rede em que confiamos e estamos contentes de fazer parte, de cuidar daquilo que é nosso”.

Dom Erwin: “Nós, na Amazônia, nos sentimos sempre como província mineradora, madeireira, e ultimamente, província energética, última fronteira agrícola, campo de agronegócio do Brasil. O resto do Brasil sempre olhou para a Amazônia numa perspectiva de explorar. A Amazônia é rica e nós temos que nos apoderar destas riquezas naturais do solo e do subsolo”.

“Nunca fomos perguntados; sempre os grandes projetos foram decididos alhures nos gabinetes de Brasília. O povo que é frontalmente atingido nunca foi consultado. E nem sequer os cientistas. Vi isso em Belo Monte. Tinha gente graduada, gente que entendia, de universidades, que se levantaram contra este monstro que se tornou Belo Monte... e não foram ouvidos”.   








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