2017-11-15 10:38:00

Tensões em Bangui: Igreja pede calma e responsabilidade


Um novo apelo à calma e responsabilidade em Bangui e em toda a República Centro-africana veio do Cardeal Dieudonné Nzapalainga, arcebispo da capital da República Centro-africana (RCA), depois de no sábado passado um café do bairro muçulmano PK5 da cidade foi atacado por homens armados, com um balanço de pelo menos 7 mortos e cerca de vinte feridos. A imprensa fala da "primeira violência significativa" desde meses: em junho passado, de facto, foi assinado em Roma um acordo entre os vários grupos político-militares do País, com a mediação da Comunidade de Sant'Egídio.

A situação "não degenerou" e, no momento, "está sob controle", diz o Padre Federico Trinchero, um missionário Carmelitano Descalço  que trabalha no Convento de Nossa Senhora do Monte Carmelo de Bangui. Na cidade, continua o Padre Trinchero, "há uma presença maciça da ONU, por isso é realmente difícil que a situação possa degenerar como tinha sucedido em 2013-2014", quando se desencadearam conflitos sangrentos e violência feroz entre grupos armados Seleka e as milícias anti-Balaka.

O Padre Trinchero recorda o espírito de reconciliação trazido pela visita do Papa Francisco em 2015: dois anos depois, ele observa que hoje "o verdadeiro problema do País é a situação da província, ainda ocupada por 80% por grupos rebeldes, muito fragmentados internamente". As áreas mais críticas permanecem Bangassou, Bria, Bocaranga, onde as tensões causaram destruições, morte e grande fluxo de refugiados. O Estado, também por falta de um "exército efectivo propriamente dito", tem "dificuldade de se impor nestas áreas", continua o Carmelitano. "E a causa da guerra na RCA - sublinha - foi precisamente a ausência do Estado na província e nas zonas distantes da capital, uma questão esta que tinha criado uma insatisfação” profunda.

A nível internacional, "ainda existe muita preocupação com a situação geral do País", explica Mauro Garofalo, responsável das relações internacionais da Comunidade de Sant'Egídio, que nos últimos dias participou da sessão do Conselho de Segurança da ONU dedicada à crise na RCA. Mas, acrescenta, em Nova Iorque emergiram sinais positivos, como o início de um projecto de desarmamento que está acontecendo em todo o território", e também progressos do ponto de vista socioeconómico.

A propósito do acordo entre os grupos armados, Garofalo esclareceu que será necessário "ainda muito tempo para uma implementação completa". Alguns grupos aderiram de uma maneira “mais veloz e honesta” ao acordo, ressaltando que "algumas centenas de elementos armados já estão desarmados": a Comunidade de Sant'Egídio, juntamente com as realidades locais e internacionais, conta "chegar a 600, senão mil, daqui até dezembro-janeiro". O objectivo é "convencer os 14 grupos armados - e talvez até mais - a aderir ao projecto de desarmamento e a uma reconversão", porque trata-se de "centenas e milhares de homens que viveram num clima de ilegalidade e de grande violência" até agora, e não se pode pensar agora "que o País se torne uma grande prisão", mas trabalhar, conclui Garofalo, para uma desmobilização, um desarmamento total e uma reabilitação. (BS)








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