Finados: dia de oração, de homenagem cristã aos nossos entes queridos falecidos


Rio de Janeiro (RV) - No mês de novembro, a Igreja nos convida com maior insistência a rezar e a oferecer sufrágios pelos fiéis defuntos do Purgatório. Com esses irmãos nossos, que “também participaram da fragilidade própria de todo o ser humano, sentimos o dever – que é ao mesmo tempo uma necessidade do coração – de oferecer-lhes a ajuda afetuosa da nossa oração, a fim de que qualquer eventual resíduo de debilidade humana, que ainda possa adiar o seu encontro feliz com Deus, seja definitivamente apagado”.

O Dia de Finados deve ser um dia de oração, de homenagem cristã aos nossos entes queridos falecidos, e, também, um dia de reflexão sobre o mistério da morte e da ressurreição que marcam nossas vidas.

Assim falou Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim ainda que esteja morto viverá” (Jo 11, 24). Em outra passagem ele disse: “Todo aquele que crê em mim não morrerá para sempre” (Jo 11, 26). Na verdade Jesus está dizendo que não nascemos para morrer. Mas, morremos para viver. Portanto, a morte, para os que têm fé, não interrompe a vida. Não é passageira ilusão. Não é a destruição da vida. Mas, é o encontro com a plenitude da vida que está em Deus. Deus nos criou para a vida plena e não para a morte. As pessoas que morrem no Senhor descansam para sempre na paz, na alegria, no convívio dos anjos, dos santos, na plena e eterna felicidade que só encontramos na comunhão com Deus.

Para o cristão a morte é o começo de uma nova vida, realizando sempre o que de bom ele esperou neste mundo. É o coroamento da vida. É a perfeita e plena realização humana e cristã. Na perspectiva cristã, a morte se torna bendita porque é nossa libertação. Assim reza a oração do prefacio dos mortos: Ó Pai, para os que crêem em vós a vida não é tirada, mas transformada e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível e aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola.

Jesus afirmou: Eu sou a Vida, Eu sou o Pão da vida, Eu sou a luz do mundo. Jesus veio ao mundo para despertar a criatura humana do sono. E esta vida nova só será possível àqueles que viverem, com dignidade, a grandeza do seu Batismo. Aderindo a Cristo o batizado deve viver uma vida realmente nova, animada pelo espírito de Cristo. Mas sem a fé, traduzida em obras, o batismo ficará morto. A vida da fé batismal se verifica, se atualiza, por exemplo, quando ela transforma a sociedade de morte numa comunidade viva de vida, de fraternidade e de comunhão.

A vida eterna começa á aqui com uma nova vida. Como Lázaro, acolhamos a ordem de Jesus: “Sai para fora”. Peçamos ao Senhor que nos desperte e ressuscite do sono da morte e nos revista da Sua imortalidade. A fé, entretanto, sempre nos levou a crer que muitas pessoas, apesar de imperfeitas e manchadas, não se distanciaram de Deus por uma absoluta prevaricação. Estas pessoas, após a morte, devem ser purificadas. Então, haverá pecados que possam ser perdoados, ou de que possamos nos purificar no outro mundo? Foi o que ensinou Jesus: “Se alguém disser blasfêmia contra o Espírito Santo, nem neste mundo, nem no outro isto lhe será perdoado” (Mt 12, 32). Do que inferiu o 1º Concílio de Lião: “disto se dá a entender que certas culpas são perdoadas na presente vida, e outras o são na vida futura, e o Apóstolo disse que a obra de cada um, qual seja, o fogo a provará e aquele cuja obra arder ao fogo, sofrerá; mas ele será salvo, porém, como quem o é através do fogo (I Cor 3, 13 e 15).

Contudo, o Catecismo da Igreja Católica, ao expor esta matéria: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida a sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrarem na alegria do Céu.” (nº 1030).

Rezemos neste mês de novembro pelos falecidos. Procure visitar os cemitérios, refletir sobre a brevidade da vida neste mundo e das implicações do seu relacionamento pessoal para com Deus, antevendo já aquele dia inevitável do juízo final. Rezemos pelas almas dos sacerdotes e bispos que passaram pela nossa vida aspergindo o bem e anunciando a Vida Plena. Rezemos pelos nossos parentes falecidos e por eles façamos a memória da gratidão no Ressuscitado! Dai-lhes a Senhor o descanso eterno, e a luz perpetua os ilumine. Descanse em paz. Amém.

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 








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