Papa em vídeo sobre o trabalho: "Comunhão vença sobre a competição"


Cagliari (RV) – Confira abaixo a mensagem em vídeo enviada pelo Papa Francisco aos participantes da 48ª Semana Social dos Católicos Italianos, em andamento na cidade de Cagliari, na Sardenha.

O tema do encontro, “O trabalho que queremos: livre, criativo, participativo e solidário”, é extraído do parágrafo 192 da exortação apostólica Evangelii Gaudium. Os adjetivos descrevem as condições para que o trabalho seja a atividade em que “o ser humano exprime e engrandece a dignidade da sua vida”.

Mencionando o exemplo do Bem-aventurado Giuseppe Toniolo, idealizador destas Semanas na Itália, Francisco inicia a mensagem recordando a sua visita a Cagliari em 2013 e o encontro na praça da cidade com os trabalhadores.

A ferida do precariado é mortal

“Sem trabalho não há dignidade”, mas nem todos os trabalhos são dignos. Alguns humilham a dignidade das pessoas: os que alimentam guerras construindo armas, os que vendem corpos na prostituição ou os que exploram menores”, frisa. “Também ofendem a dignidade do trabalhador atividades submersas, que discriminam mulheres e excluem portadores de deficiência. O trabalho precário também é uma ferida aberta. A precariedade é imoral e mata: mata a dignidade, a saúde, mata a família, mata a sociedade”, prossegue.

Depois de recordar a Encíclica Rerum novarum (1891) do Papa Leão XIII, Francisco dirige seu pensamento aos desempregados e subempregados: “Não percam a confiança; a Igreja atua em favor de uma economia que sirva a pessoa e reduza as desigualdades”.

Tutela social e ambiental, inclusive no serviço público

Em seguida, fala da crise financeira, econômica, social e ambiental que aposta no consumo sem se preocupar com a dignidade do trabalho e a tutela do meio ambiente: “É como andar de bicicleta com uma roda vazia; é perigoso! A dignidade e a tutela são mortificadas quando o trabalhador é considerado um item no balaço, quando o grito dos descartados fica ignorado”.

Francisco disse ainda que o serviço público também não é isento desta lógica: “Acreditando economizar e obter eficiência, acabam por trair a própria missão social a serviço das comunidades”.

As exceções

Mas ressalva: “É belo ver que a inovação social nasce também do encontro e das relações e que nem todos os bens são mercadorias. Existe confiança, respeito, amizade e amor”.  

Enfim, uma menção ao meio ambiente: “Nada se anteponha ao bem da pessoa e ao cuidado da Casa Comum, deturpada muitas vezes por modelos de desenvolvimento que geram dívidas ecológicas. A inovação tecnológica deve ser orientada pela consciência e princípios de subsidiariedade. O robô deve permanecer um meio e não se transformar em ídolo numa economia de poderosos: deve servir à pessoa e às suas necessidades”.

Em relação aos empregadores, “devem confiar talentos a seus colaboradores; a comunhão vença sobre a competição”.

Despedindo-se, o Papa Francisco fez votos que as reflexões destes dias se traduzam em fatos e compromissos para a sociedade; assegura suas orações e envia a todos a sua benção apostólica. 

(cm)








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