75 anos de relações diplomáticas entre Japão e Santa Sé: não ao nuclear


Cidade do Vaticano (RV) – “Que o imenso tributo de dor, sofrimento e morte que o Japão teve que experimentar durante a II Guerra Mundial, especialmente em Hiroshima e Nagasaki, sirva constantemente de advertência para toda a humanidade”.

Foi o que afirmou o Secretário para as Relações com os Estados, Dom Paul Richard Gallagher, por ocasião da convenção realizada na quinta-feira (12/10) pela Pontifícia Universidade Gregoriana, por ocasião dos 75 anos de relações diplomáticas oficiais entre Santa Sé e Japão.

Promover hoje a paz e o desarmamento é portanto uma urgência que deve ser reiterada – explicou Gallagher - “contra toda a tentação de ceder à lógica das armas e da guerra”.

Em particular, a referência e à crise desencadeada pelos testes nucleares da Coreia do Norte, na qual a Santa sé e o Japão trabalham para uma solução pacífica e diplomática.

“Neste momento estamos estudando muito atentamente a questão do nuclear, do desarmamento e do pacifismo”, declarou à Rádio Vaticano Dom Gallagher.

“Nós trabalhamos justamente para tentar criar um mundo sem estas armas. Por aquilo que aconteceu na II Guerra Mundial, o Japão tem um vínculo e uma relação muito estreita com os Estados Unidos no que tange à questão da defesa. Porém, acredito que eles estejam determinados a agir neste sentido. É todo um processo, e a Santa Sé gostaria de dar um impulso ético e moral nesta direção”.

O nascimento das relações diplomáticas entre Santa Sé e Japão em 1942 foi o êxito natural de um processo iniciado no final do século XIX com a restauração Meiji e a abertura do país asiático ao mundo depois de séculos de isolamento.

Pouco antes do ataque a Pearl Harbor, o Imperador japonês Hirohito via na Santa Sé um possível mediador e um canal de diálogo com os aliados – explicou Padre Delio Mendonça da Pontifícia Universidade Gregoriana – enquanto a Santa Sé pressionava para um reconhecimento oficial para tutelar os direitos das comunidades católicas japonesas.

De fato, por cerca de 25 anos, os cristãos no Japão haviam vivido na clandestinidade. Depois da primeira missão na Ilha meridional de Kyushu, instituída pelo jesuíta São Francisco Xavier em 1549, os cristãos foram perseguidos duramente por uma suposta interferência nos assuntos do país.

Em 1597, 26 cristãos canonizados pelo Papa Pio IX em 1962 foram crucificados em Nagasaki, enquanto em 1637 a revolta dos camponeses cristãos  (Rebelião de Shimabara ) liderados  por Amakusa Shiro (decapitado) foi severamente reprimida e a perseguição ao cristianismo tornou-se severa. A política de isolamento do Japão foi reforçada, e a perseguição formal aos cristãos continuou até a década de 1850.

Hoje os cristãos no Japão são 450 mil, cerca de 0,35% da população, e a colaboração entre Tóquio e o Vaticano é mais viva que nunca, como explicou Yoshio Nakamura, Embaixador do Japão junto à Santa Sé.

Contribuições que vão dos financiamentos às históricas restaurações da Capela Sistina nos anos 90, passando pela digitalização em andamento de mais de 80 mil documentos da Biblioteca Apostólica Vaticana por uma empresa japonesa.

“Os católicos no Japão são muito apreciados, sobretudo no campo educativo, se pensarmos, por exemplo, na famosa Universidade Sofia da Companhia de Jesus”, recordou Dom Gallagher, e como Santa Sé, “buscamos sempre, como em todos os lugares, oferecer a nossa contribuição para a sociedade, com a finalidade de apoiá-la e de ajudar as pessoas a enfrentar os desafios atuais em uma dimensão de fé”. (JE/MR)








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