Bispos: conflito sobre independência do Curdistão iraquiano não deve ser "internacionalizado"


Bagdá (RV) – Os potenciais conflitos desencadeados pelo referendum sobre a independência do Curdistão iraquiano podem ser esconjurados somente “sentando-se com seriedade à mesa de negociações”. O choque entre governo de Bagdá e governo regional de Irbil deve ser resolvido internamente e não deve ser “internacionalizado”.

Estas são algumas das considerações apresentadas pelos bispos das Igrejas cristãs presentes no Curdistão, em um pronunciamento comum divulgado no domingo 1º de outubro sobre a situação perigosa e instável criada na região, após o referendum sobre a independência, convocado pelo governo da região autônoma do Curdistão iraquiano.

Evitar instrumentalização

Os cristãos – advertem os prelados - não devem deixar-se instrumentalizar por frentes contrapostas e por componentes predominantes da população. E em todos os casos deve se evitar que as divisões e os choques levem a um desmembramento territorial e administrativo da Planície de Nínive, a área onde tradicionalmente estão enraizadas as comunidades cristãs autóctones.

Solução interna para o conflito

Os bispos não tomam posição sobre a independência, mas defendem uma “solução interna” para o conflito, observando que as intervenções de forças externas irão expor ainda mais toda a população, nas suas diversas componentes, a ulteriores sofrimentos.

Gratidão ao governo regional do Curdistão

Aqueles que assinam o documento não deixam de expressar gratidão e o reconhecimento pelo governo regional do Curdistão, que desde 2014 acolheu dezenas de milhares de refugiados cristãos de Mosul e da Planície de Nínive, obrigadpsa a deixar as próprias terras conquistadas pelos jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh).

“Sem dúvida – lê-se no texto – jamais poderemos esquecer que os nossos irmãos na região do Curdistão, como povo e como governo, acolheram os cristãos, e também outros componentes do povo iraquiano”.

Preservar unidade territorial da Planície de Nínive

“Mas os cristãos – acrescentam – devem evitar deixarem-se usar nos conflitos, mesmo porque a condição deles de objetiva vulnerabilidade continua a tornar incerto o seu futuro e a própria possibilidade de continuar a viver nas próprias terras de origem”.

“A este respeito os prelados pedem explicitamente que a unidade territorial da Planície de Nínive seja preservada também no futuro, evitando que as tensões entre o governo de Bagdá e o de Irbil provoquem o seu fracionamento”.

Assinam a declaração conjunta, entre outros, o Arcebispo caldeu de irbil, Dom Bashar warda; o Arcebispo sírio-ortodoxo de Mosul, Dom Nicodemus Daoud Sharaf; o Bispo sírio-ortodoxo do Mosteiro de Mar Matti, Timotheus Musa al Shamani e o Bispo caldeu de Zakho e Amadya, Dom Rabban al Qas. (JE/GV)








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