2017-10-02 10:10:00

Partilhar a viagem com os migrantes


Nesta edição de “Sal da Terra, Luz do Mundo” refletimos sobre as palavras de Francisco sobre a esperança cristã nas quais referiu o acolhimento aos migrantes. Destacamos a campanha da Caritas Internacional “Partilhar a viagem”.

Migrantes trazem esperança

Partilhar a esperança dos migrantes fazendo com eles caminho – esta a forte mensagem das palavras do Papa na audiência geral de dia 27 de setembro. Nesse momento de encontro semanal do Santo Padre com o povo de Deus, Francisco propôs mais uma catequese sobre a esperança cristã, em particular, falando dos inimigos da esperança.

Na Praça de S. Pedro o Santo Padre recordou sobretudo os que sofrem e lutam por uma vida “mais justa e mais serena”. De entre eles destaque para os migrantes que deixam “a casa, a terra” e, às vezes, “familiares e parentes” fazendo viagem partindo em busca de uma vida melhor. Francisco sublinhou que uma viagem faz-se a dois: com o que vem e com o que acolhe:

“A esperança é o impulso no coração de quem parte deixando a casa, a terra, às vezes, os familiares e parentes – penso nos migrantes – no coração de quem os acolhe: o desejo de encontrar-se, de se conhecer, de dialogar. A esperança e o impulso a partilhar a viagem, porque a viagem faz-se a dois: aqueles que vêm na nossa terra e nós que vamos em direção ao seu coração, para compreendê-los, para compreender a sua cultura, a sua língua. É uma viagem a dois, mas sem esperança aquela viagem não se pode fazer” – disse o Papa.

Francisco afirmou ainda na sua catequese que a esperança “não é virtude para gente com o estômago cheio”. Por esta mesma razão o Santo Padre declarou que “os pobres são os primeiros portadores da esperança”, tal como José e Maria e os pastores de Belém que eram pobres, mas “ricos do bem mais precioso que existe no mundo, ou seja, a vontade de mudança” – disse o Papa.

Acolher os migrantes de braços abertos

Entretanto, na audiência geral de dia 27 de setembro o Papa inaugurou uma Campanha da Caritas Internacional com o título: “Partilhar a viagem”. Esta iniciativa visa permitir a cultura do encontro e Francisco afirmou que é “o próprio Cristo que nos pede de acolher os nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados”:

“Estou muito feliz por receber os representantes da Cáritas, aqui reunidos para dar início oficial à campanha ‘Partilhar a viagem’ — belo lema da vossa campanha: partilhar a viagem — que eu quis fazer coincidir com esta audiência. Dou as boas-vindas aos migrantes, requerentes de asilo e refugiados que, ao lado dos agentes da Cáritas italiana e de outras organizações católicas, são sinal de uma Igreja que procura ser aberta, inclusiva e hospitaleira. Obrigado a todos vós pelo serviço incansável. Já os aplaudistes, mas todos eles merecem realmente, de todos vós, um grande aplauso!”

“Com o vosso esforço quotidiano recordais-nos que o próprio Cristo nos pede para receber de braços bem abertos os nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados. Acolher assim, de braços bem abertos! Quando os braços estão abertos, estão prontos para um abraço sincero, um abraço carinhoso, um abraço aconchegante, um pouco como esta colunata na Praça, que representa a Igreja mãe que abraça todos na partilha da viagem comum.”

A caridade de S. Vicente de Paulo

Ainda no âmbito da vivência concreta da caridade na vida quotidiana, recordamos que o Papa Francisco enviou na semana passada, no dia 27 de setembro, uma mensagem de gratidão e de encorajamento à Família Vicentina, por ocasião dos 400 anos do carisma que deu origem a institutos e associações.

Foi o rasgo visionário e a profunda inspiração evangélica que levou S. Vicente de Paulo a fundar em 1617 as Damas da Caridade que hoje tem o nome de Associação Internacional de Caridade. O Santo Padre sublinha na sua mensagem que S. Vicente de Paulo viveu sempre “em caminho, aberto à procura de Deus e de si próprio”.

“Inflamado pelo desejo de fazer conhecer Jesus aos pobres, dedicou-se intensamente ao anúncio, especialmente através das missões ao povo e tratando em modo particular da formação dos sacerdotes” – escreve Francisco. O Papa salienta ainda na sua mensagem à Família Vicentina que S. Vicente de Paulo tinha um ‘pequeno método’ : “falar antes de mais com a vida e depois com grande simplicidade, em modo coloquial e direto”. Inspirado nos “cristãos das origens” S. Vicente afirmava que “quando vais aos pobres encontras Jesus” – recordou o Papa.

A grande árvore da Família Vicentina que se constituiu nesse momento fundador das Damas da Caridade em 1617, deu lugar mais tarde a outros momentos fundacionais importantes: os padres da Congregação da Missão, as Irmãs Filhas da Caridade, mais tarde, no século XIX, as Conferências de S. Vicente de Paulo com o Beato Frederico Ozanam e tantas outras associações e institutos.

Servir Jesus nos pobres era o lema de S. Vicente de Paulo, procurando para tal os “pobres e abandonados” – destaca o Papa na sua mensagem recordando que o testemunho deste santo “nos exorta a investir na criatividade do amor”.

Que S. Vicente de Paulo seja um estímulo para darmos “espaço e tempo aos pobres, aos novos pobres de hoje, a fazer nossos os seus pensamentos e seus desconfortos, pois um cristianismo sem contacto com quem sofre torna-se um cristianismo desencarnado, incapaz de tocar a carne de Cristo. Portanto, encontrar os pobres, dar preferência e voz aos pobres para que a sua presença não seja silenciada pela cultura do efémero” – escreve Francisco na sua Mensagem à Família Vicentina nos 400 anos do seu carisma.

“Sal da Terra, Luz do Mundo” é aqui na Rádio Vaticano em língua portuguesa.

(RS)








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