Card. Filoni: investir em evangelização mais forte dos próprios japoneses


Tóquio (RV) - “Um dos maiores obstáculos para a propagação da fé no Japão parece ser a falsa identificação entre cristianismo e cultura europeia.” Essa é uma das considerações do prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni, expressa no encontro da tarde de segunda-feira (25/09) em Tóquio com os bispos japoneses.

Falando aos representantes do Episcopado do País do Sol Nascente, o purpurado repropôs também o misterioso vínculo entre a vicissitude histórica do catolicismo japonês e as experiências de perseguição e martírio que caracterizaram seu início.

Os primeiros missionários que chegaram ao Japão no Séc. XVI “encontraram uma terra fértil para o anúncio do Evangelho. Apesar das perseguições por obra de Toyotomi Hideyoshi, o número dos católicos crescera (afirma-se chegando a 650 mil)”, recordou o prefeito de Propaganda Fide.

E após as perseguições, a experiência dos chamados “cristãos ocultos” (kakure Kirishitan) – que foram protegidos na fé por mais de um século, sem sacerdotes e sem contatos com o restante do cristianismo – representa justamente um “testemunho extraordinário” daquilo que permite perseverar no seguimento de Cristo, mesmo em condições difíceis:

“Como na oração de Abraão, que implorava a Deus que não passasse direto, mas que parasse em sua tenda”, observou, “do mesmo modo também os ‘cristãos ocultos’ do Japão elevavam a Deus uma sincera invocação a não abandonar a obra iniciada.

Após ter recordado os obstáculos que podem derivar de uma identificação equivocada entre cristianismo e cultura europeia, o purpurado reconheceu que “talvez tenhamos que redescobrir a força da evangelização inicial, enriquecendo-a com a experiência e o conhecimento atual”.

E acrescentou também que na era da globalização, dos confins que se reduzem, das viagens facilitadas, não se pode pensar em impedir ou limitar “a presença dos missionários não japoneses”.

Ao mesmo tempo, “é preciso investir numa evangelização, mais forte e participativa, dos próprios japoneses: bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos, famílias, associações e assim por diante. Os missionários podem integrar, não substituir”, destacou.

O encontro da tarde de segunda-feira em Tóquio com os bispos japoneses constituiu o compromisso conclusivo da visita do Cardeal Filoni ao Japão, iniciada no dia 17 de setembro.

No encontro de domingo (24/09) à tarde com sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos de Tóquio, o purpurado recordou três “perigos” que devem ser evitados por quem trabalha na obra apostólica: “o sectarismo” (ou seja, o arrebanhar pessoas, a banalização da fé, a exploração econômica dos adeptos); o “proselitismo” (cortejar os outros a fim de aderir à própria doutrina); e o “ideologismo” (isto é, o doutrinamento fideísta ou farisaico, que pode ser socialmente perigoso).

A evangelização “é o encontro pessoal com Cristo, e se dá pelo anúncio do Evangelho e por contato, ou seja, mediante o testemunho humilde e generoso, que suscita no outro o interesse sobre por que tu acreditas e te comportas de modo diferente”, acrescentou por fim o prefeito de Propaganda Fide. (RL/Fides)








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