Missa dos 300 anos de entronização de Nossa Senhora Negra reúne milhares em Czestochova


Varsóvia (RV) – Milhares de peregrinos provenientes de toda a Polônia reuniram-se este sábado no Santuário de Jasna Gòra, no dia em que recorre a memória litúrgica de Nossa Senhora de Czestochova e no ano em que se celebra os 300 anos de entronização do ícone da Mãe de Deus.

Uma Missa campal foi celebrada na esplanada da Basílica com a participação dos bispos e autoridades civis do país, incluindo o Presidente da República, Andrzej Duda e a Primeira Ministra Beata Szydlo. A cerimônia foi presidida pelo Primaz da Polônia, o Arcebispo de Gniezno, Dom Wojciech Polak.

Ao referir-se em sua homilia ao Jubileu em andamento pelos 300 anos, Dom Polak recordou aos fiéis que “hoje não trazemos nem outo nem prata para Nossa senhora, mas dons espirituais”. Hoje – afirmou – “devemos ser nós os diamantes de sua coroa”.

Depois, convidou a todos para serem como as pessoas de Caná da Galiléia, que ouviram as palavras de Jesus. “É necessário escutar e fazer aquilo que diz Jesus”, alertou.

Recordando então as recentes tempestades que atingiram, em particular, o norte da Polônia, o prelado insistiu que a ajuda às pessoas necessitadas foi uma prova de caridade, de sensibilidade pelos necessitados e da unidade nacional, para todos os poloneses.

Por fim, exortou à conversão do coração especialmente para sanar as divisões e as tensões políticas no país: “Não obstante as divisões, podemos fazer algo de positivo juntos”, observou.

No início da Missa, foi projetada a videomensagem enviada pelo Papa Francisco para a ocasião.

O Santuário

O Santuário de Jasna Gòra, que significa “montanha luminosa” e que surge na cidade de Czestochowa, representa o coração da Polônia. A imagem de Nossa Senhora Negra ali exposta – representada como Mãe Rainha – atrai há séculos multidões de peregrinos de toda a nação e de várias partes do mundo.

Os poloneses são habituados a ligar esta imagem aos momentos mais importantes de suas vidas, mas é toda a Polônia, que em seus complexos acontecimentos históricos e políticos, sempre encontrou nela a força e a coragem para defender a unidade da nação e a fé católica.

São Lucas

Segundo a tradição, o quadro teria sido pintado em Jerusalém por São Lucas, sobre madeira retirada da mesa da casa da Sagrada Família em Nazaré. Antes ainda, o evangelista  teria realizado dois quadros: um deles é ainda hoje objeto de culto em Bolonha; o outro, após sucessivas transferências, chegou no século XIV às colinas de Czestochowa, sendo conservado numa pequena igreja de madeira. Mais tarde, no mesmo lugar, foi erguida uma Basílica gótica, tendo em anexo um convento para os Frades eremitas da Ordem de São Paulo, a quem foi confiado o santuário.

História

Entre os tantos episódios ligados à história, é importante recordar aquele ocorrido em 1430, quando alguns seguidores do herético Giovanni Hus, atacaram e depredaram o convento. O quadro da Nossa Senhora Negra foi desfigurado por numerosos golpes de espada e depois restaurado. Ainda hoje são evidentes duas cicatrizes paralelas no rosto de Maria.

Também central o ocorrido em 1655, quando o exército sueco entrou na Polônia. Enquanto as tropas estavam para invadir Czestochowa, um grupo de soldados poloneses começou a rezar diante do ícone de Nossa Senhora Negra. O inimigo retirou-se e, no ano seguinte, o rei Giovanni Casimiro declarou Nossa Senhora de Czestochowa como “Rainha da Polônia”.

Ícone bizantino

Segundo os estudiosos, a pintura de Nossa Senhora de Jasna Gòra seria originalmente um ícone bizantino, datável entre os séculos VI e IX. A Virgem segura Jesus em seus braços e os dois rostos têm uma expressão triste e pensativa.

Em 1717 o quadro foi coroado com o diadema papal de Clemente XI, que foi roubado em 1909. Ao longo dos séculos foram realizadas outras coroas que foram trocadas segundo um específico cerimonial.

Este ano, uma cópia da coroa de 300 anos atrás foi oferecida pela Diocese de Crotone e colocada no quadro na noite entre 27 e 28 de julho passado, também em recordação à visita realizada pelo Papa Francisco.

A partir do século XX, numerosas igrejas foram construídas em honra a Nossa Senhora Negra em todo o mundo.

São João Paulo II

Falando de culto, é impossível não citar a profunda devoção expressa por São João Paulo II, não somente quando sacerdote, mas também como Papa.

Ele esteve diante de sua imagem em duas ocasiões: a primeira em 1979, pouco mais de um ano após a sua eleição. Naquela ocasião pronunciou o ato de consagração da Igreja universal a Maria.

Em 1991 João Paulo II celebrou em Czestochowa a IV Jornada Mundial da Juventude e em Czestochowa confiou a Maria todo o seu pontificado com o lema “Totus Tuus”.

Em 2006 foi a vez de Bento XVI visitar o Santuário.

Ano Jubilar

Para celebrar os 300 anos da entronização de Nossa Senhora de Czestochowa na Polônia, foi convocado um jubileu que será concluído em 8 de setembro próximo, com uma Missa solene presidida pelo cardeal Stanislaw Rylko, Arcipreste da Basílica Santa Maria Maior, em Roma. Já os eventos ligados ao jubileu se concluirão em 31 de dezembro. (JE/AM)

 

 

 








All the contents on this site are copyrighted ©.