Editorial: com oração e humildade, vencer a tentação do ódio


Cidade do Vaticano (RV) -  Esta última semana foi marcada por notícias de atos de violência e ódio, o que não é uma novidade nestes tempos. O último deles, o atentado terrorista ocorrido em Barcelona no final da tarde de quinta-feira, num local de lazer frequentado por catalães e turistas do mundo inteiro, muitos deles jovens, e que deixou dezenas de mortos e feridos.

A reação do Papa Francisco foi de condenação da "violência cega que é uma ofensa gravíssima ao Criador". Ao mesmo tempo, o líder dos católicos exortou para que se continue "trabalhando pela paz e a concórdia no mundo".

Outro ato que chamou a atenção pela dimensão do ódio e pelo país onde ocorreu, foi o confronto ocorrido no sábado em Charlottesville, Virgínia, Estados Unidos, quando manifestantes que protestavam contra racistas e neonazistas foram investidos por um automóvel guiado por um jovem que defendia a supremacia branca: uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas.

O Arcebispo de Boston, Cardeal O'Malley, recordou a comunidade católica a que serve, as verdades fundamentais de fé, exortando à opor-se ao ódio e à intolerância com a civilidade e a caridade.

Curiosamente, estes atos foram intercalados esta semana por datas que recordavam figuras religiosas de espessor, que com suas vidas foram verdadeiros profetas da paz e da reconciliação.

Na segunda-feira, dia 14, o Papa Francisco recordou São Maximiliano Kolbe com um tweet, onde dizia que "o caminho para entregar-se ao Senhor, começa todos os dias, desde a manhã".

O religioso franciscano, mártir da caridade, trocou sua vida pela de um pai de família no Campo de Concentração de Auschwitz.

Para recordá-lo, uma Fundação a ele dedicada reuniu por cinco dias jovens de 14 países - naquele que no passado foi um campo de extermínio - para falar de diálogo, paz e reconciliação.

"Auschwitz - recordou o Bispo de Bamberg, Dom Ludwig Schick, presente no encontro - mostra mais do que qualquer outro lugar ao mundo a que ponto os homens podem fazer mal aos outros. Este horror não deve repetir-se em nenhum outro local do mundo".

Já no dia 16, recordou-se os nove anos da morte do Irmão Roger Schutz, fundador da Comunidade ecumênica de Taizè, para quem as palavras mais fortes - como resumido por um Irmão da comunidade - eram reconciliação, paz e comunhão.

Irmão Roger dizia, que se Deus é amor, os cristãos deveriam ser testemunhas de comunhão e de reconciliação, e não de separação, chamando todos a ser testemunhas de reconciliação neste mundo às vezes muito difícil.

O religioso foi esfaqueado em 2005 por uma desequilibrada durante a oração das Vésperas na Igreja da Reconciliação - um grande espaço de madeira em Taizé que costuma reunir milhares de jovens do mundo inteiro para rezar e mergulhar nas fontes da fé.

A presença entre nós esta semana destes exemplos de fé, que deram sua vida pela paz e a reconciliação, surge como uma seta para indicar o caminho a seguir.

Diante da aparente vitória do mal e da violência, somos tentados a trair a vocação a que fomos chamados: ao amor, à caridade, a sermos construtores de paz. a ser sal da terra e luz do mundo.

Fomos renascidos em Cristo pelo Batismo, mas constantemente o nosso "homem velho" ressurge com força, clamando pela vingança do "olho por olho, dente por dente", a antiga lei do talião. Devemos resistir à tentação ao ódio, que somente nos fará mergulhar num mar obscuro de águas revoltas, sem direção.

Pelos humildes - recordou o Papa Francisco no Angelus da Solenidade da Assunção - Deus pode fazer grandes coisas.

Assim, a exemplo do que disse o Papa na mensagem de pesar aos espanhóis, elevemos nossa oração ao Altíssimo, "para que nos ajude a seguir trabalhando com determinação pela paz e a concórdia no mundo". Sem Ele, nada podemos fazer.

(Jackson Erpen)








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