D. João Bosco sobre os novos desafios da família: devemos acolher e não excluir


Cidade do Vaticano (RV) – Agosto, mês vocacional por excelência, ocasião para a Igreja refletir também sobre a família.

A Semana Nacional da Família, iniciada em 13 de agosto, tem por tema nesta sua 26ª edição “Família, uma luz para a vida em sociedade”.

Mas a família também enfrenta desafios, visto estar inserida em um mundo complexo, por vezes marcado por situações de violência, desemprego, que leva à desagregação.

Quem nos traça um breve perfil da família brasileira atual, é o Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Bispo de Osasco, Dom João Bosco Barbosa de Sousa:

"Primeiro temos que pensar no lado alegre da coisa. O diagnóstico que a gente faz aqui. O nosso trabalho com as famílias ele é muito positivo no sentido de um grande crescimento da pastoral familiar, das atividades de evangelização da Igreja, dos movimentos familiares, a respeito deste tema. Sem dúvida nenhuma, os últimos anos têm trazido prá nós um crescimento muito grande na ação evangelizadora das famílias.

Agora, por outros lado a gente tem que ser realistas: nós estamos vivendo aqui no nosso país um momento difícil de crise econômica, de crise moral, de crise ética, (...) governo, a vida econômica, a vida social, os comportamentos, é uma crise muito forte de valores, sobretudo na ética da vida cotidiana. Então acredito que este crescimento da evangelização das famílias vem como remédio, vem como luz realmente para a vida em sociedade que nós tanto necessitamos".

A sociedade propõe hoje “novas formas e novos conceitos de família”. Como a Igreja e a família tradicional devem se posicionar a respeito?

"Veja, a grande riqueza que o Papa Francisco nos ofereceu na Exortação Apostólica Amoris Laetitia foi justamente a gente poder aproximar da Igreja e aproximar a Igreja das famílias que vivem em outros formatos. A gente pode distinguir os outros formatos entre aqueles que são irregulares, em razão da própria circunstância da vida das pessoas ou são irregulares porque são contrários à norma da Igreja.

O Papa Francisco nos ensinou isto: a norma da Igreja não muda. Mas a maneira de a gente se aproximar destas pessoas é que muda. Então esta riqueza nós temos que aproveitar na nossa ação pastoral. Ou seja, sermos absolutamente acolhedores de todos os formatos possíveis de família ou de amor entre as pessoas. Não tem como a gente excluir ninguém, porque todos são filhos de Deus.

Agora, ter a certeza de que aproximando as pessoas nós não vamos, digamos, contaminar a Igreja com aquilo que é irregular ou com aquilo que é errado. Nós vamos ser fraternos com todos e dentro da medida de cada um, tentar aproximar as pessoas de Jesus Cristo, que é o nosso Salvador, prá todos. Ele não veio para alguns, Ele veio para todos.

Então esta compreensão de que a gente não pode excluir, mas ao mesmo tempo deve ter muita clareza quanto aquilo que a Igreja ensina desde sempre e para sempre, isso é o que a gente tem que conquistar e às vezes é difícil, é polêmico.

(Nós que estivemos) na CNBB, refletimos profundamente estas dificuldades e até produzimos um pequeno texto que a gente chamou de "Acolhida da Amoris Laetitia na Igreja no Brasil", onde a gente tenta  iluminar alguns critérios para que a gente possa ter um agir comum dentro desta questão. E tem sido muito boa esta reflexão". (JE)








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