O racismo vai contra a Bíblia e a história dos EUA, diz Card. O’Malley


Boston (RV) – Como nação, no século XX guiamos a luta contra o nazismo e contra o racismo.

O Cardeal Sean O’Malley, Arcebispo de Boston e membro do Conselho dos nove Cardeais (C9) que coadjuva o Papa Francisco no governo da Igreja, manifestou-se sobre os incidentes ocorridos no sábado 12 de agosto, em Charlottesville, Virginia, quando uma mulher que participava de uma manifestação pacífica contra movimentos racistas e nazistas perdeu a vida e várias pessoas ficaram feridas, quando investidos por um automóvel dirigido por um jovem defensor da supremacia branca.

Para o Arcebispo, “a herança bíblica e cívica” estadunidense “foi atacada e colocada à prova”.

“As nações vivem e florescem graças às suas ideias e aos seus ideais – continuou ele na nota divulgada em 15 de agosto  -  não simplesmente por causa de seu bem-estar e de seu poder material”.

Herança bíblica e cívica é atacada e colocada à prova

“As nossas ideias e os nossos ideais expressam a nossa identidade e fixam os critérios de nossos comportamentos como cidadãos. Para os Estados Unidos uma afirmação central da nossa identidade é expressa na frase “E Pluribus Unum”, de muitos povos formamos uma nação. Esta preciosa verdade cívica reflete e é radicada na herança bíblica da dignidade de todas as pessoas e da humanidade compartilhada”.

“Nem sempre como nação mostramos o melhor de nossas ideias e de nossos ideais, mas é um objetivo que almejamos. O nosso país vive novamente um momento no qual a herança bíblica e cívica é atacada e colocada à prova. Devemos reiterar e reafirmar a convicção de que uma nação inclui todos: as diversas raças, culturas, etnias e religiões que compõe o nosso país”.

“A multidão enraivecida e violenta que se reuniu na Virgínia no último final de semana  - alertou -  nas palavras e nos fatos contradiz o nosso credo nacional e o código de conduta civil”.

Fatos que desonram tradição política e constitucional estadunidense

“Aqueles que tentam ressuscitar uma nova forma de nazismo e de nacionalismo extremo – diz o Cardeal - aqueles que denigrem os afro-americanos, que pregam e praticam o antissemitismo, que denigrem os muçulmanos, aqueles que ameaçam e querem banir os imigrantes da nossa terra – todas estas vozes desonram as convicções de base das tradições políticas e constitucionais americanas”.

“É preciso opor-se a isto em palavras e fatos, exortou o purpurado. Como bispo católico, aproveito a oportunidade para opor-me - junto aos outros líderes religiosos do país - às vozes que promovem a fragmentação e o ódio”.

Um alerta aos fiéis

“Como Arcebispo de Boston – acrescentou - é minha responsabilidade recordar à comunidade católica que sirvo, as verdades fundamentais de fé e razões que são tão centrais neste momento. A verdade que os nossos direitos e os nossos deveres recíprocos derivam de Deus. A verdade que podemos opor-nos ao ódio e à intolerância com civilidade e caridade. Estas verdades podem unir transversalmente as nossas comunidades diferentes por raça, religião e etnia. Podem ajudar-nos a celebrar o nosso pluralismo como rico tesouro que fortalece este país”.

“Hoje que a nossa unidade é colocada à prova, que as nossas verdades fundamentais de fé e razão são violadas, como pessoas de fé e cidadãos, devemos apoiar as nossas ideias e os nossos ideais. A minha oração é para que possamos estar em pé para este desafio. A minha convicção é de que somos capazes de fazê-lo”.

Conferência Episcopal dos EUA

Nos dias passados, a Conferência Episcopal dos Estados Unidos manifestou-se sobre os acontecimentos em Charlottesville.

O seu Presidente, Dom Daniel DiNardo, junto com o Presidente da Comissão episcopal para a Justiça Interna e o desenvolvimento humano, Dom Frank Dewane di Venice (Flórida), haviamdivulgado no dia 13 um comunicado para afirmar que “somos contra o mal do racismo, da supremacia branca e do neonazismo. Estamos com as nossas irmãs e os nossos irmãos unidos nos sacrifício de Jesus, graças ao qual o amor vence toda forma de mal”.

Em outro comunicado divulgado no dia anterior, o próprio Dom DiNardo havia afirmado que “os bispos estão com todos aqueles que são oprimidos por uma ideologia má” e estão “prontos a trabalhar com todas as pessoas de boa vontade para colocar fim à violência racial e construir a paz nas nossas comunidades”.

O Cardeal de Chicago por sua vez, Dom Blaise Cupich, havia publicano no tweet a seguinte mensagem: “Quando se trata de racismo, existe um único lado do qual estar:contra”.

(Je com Vatican Insider)








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