Apelo dos Patriarcas do Oriente ao Papa sobre êxodo dos cristãos


Cidade do Vaticano (RV) - “É tempo de lançar um apelo profético como testemunho da verdade. Somos convidados a permanecer apegados a nossa identidade oriental e a permanecer fiéis a nossa missão. Assumindo o cuidado do pequeno rebanho, nós Patriarcas orientais estamos aflitos ao assistir a hemorragia humana dos cristãos que abandonaram suas terras no Oriente Médio.”

É uma das passagens mais significativas do comunicado difundido esta sexta-feira pelo Conselho dos Patriarcas Católicos do Oriente ao término da sessão anual realizada em Dimane, no Líbano, sede de verão do Patriarcado maronita, e do qual participou o núncio apostólico no Líbano, Arcebispo Gabriele Giordano Caccia.

Numa sessão ecumênica estiveram presentes também os patriarcas greco-ortodoxo John Yazigi, sírio-ortodoxo Ignazio Efrem II, o catholicos da Igreja apostólica armênia Aram I e o presidente da comunidade evangélica na Síria e no Líbano, Salim Sahyouni.

“Permaneçamos radicados na terra dos pais e dos antepassados – é o apelo – esperando contra toda esperança num advir em que, como componentes de um patrimônio autêntico e específico, sejamos compreendidos como fontes de enriquecimento para nossas sociedades e para a Igreja universal no Oriente e no Ocidente.”

Os patriarcas exortam a não deixar de proclamar “a verdade na caridade, a legitimidade da separação entre estado e religião na constituição de nossas pátrias, a igualdade de todos face aos direitos e deveres, sem acepção de pertença religiosa ou comunitária”.

Na nota, reportada pelo jornal vaticano L’Osservatore Romano, o Conselho critica a comunidade internacional por assistir, uma após outra, por causa da insegurança e da emigração, a extinção das Igrejas orientais no Iraque, Síria, Palestina, Líbano, Egito, sem que a sua reação seja à altura da tragédia.

Eles dão conta de que, se esse estado de coisas continuar, se tratará de um verdadeiro “projeto de genocídio” e de uma “afronta à humanidade”.

Pedimos às Nações Unidas e aos países atingidos de modo direto pelos conflitos na região que acabem com as guerras, cujos objetivos se tornaram claros: destruir, matar, impelir ao êxodo, relançar as organizações terroristas, defender o espírito de intolerância e de conflito entre as religiões e as culturas.

A prossecução desta situação e a incapacidade de estabelecer uma paz justa, global e duradoura na região, assegurando o retorno dos refugiados e dos deslocados a suas casas com dignidade e na justiça, permanecerão como um estigma de vergonha para todo o Séc. XXI.

Os patriarcas católicos dirigem-se também ao Papa Francisco: “Somos uma nação com largas fronteiras, ou que atraem a atenção dos gigantes das finanças; somos um pequeno rebanho pacífico. Um pequeno rebanho que não conta com nenhum outro que Vossa Santidade para convidar os grandes que presidem os destinos do mundo”.

A mensagem coincide com a publicação de cifras eloquentes sobre a diminuição dos cristãos nos vários países do Oriente Próximo, em particular no Iraque, Síria e Terra Santa (onde representam somente 1,2% da população); na Síria, por causa da guerra deflagrada em 2011, o número deles caiu (de 250 mil para 100 mil, segundo estatísticas recentes). No Iraque os representantes da comunidade cristã estão tendo dificuldade para convencer a população do planície de Nínive a voltar para casa. (RL/L’Osservatore Romano)








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