Raízes profundas dos cristãos no Oriente Médio mantém Igreja viva na região


Cidade do Vaticano (RV) - Nos últimos quinze anos as comunidades cristãs presentes sobretudo nas regiões setentrionais do Iraque foram submetidas a grandes sofrimentos pela feroz perseguição do autoproclamado Estado Islâmico.

O país, por causa das guerras e dos conflitos sectários, foi devastado quer econômica como politicamente. Se nos anos 90 os cristãos eram mais de 1 milhão, em 2006 este número foi reduzido a cerca de 300 mil.

Segundo o recente relatório da Catholic Near East Welfare Association (CNEWA) - a agência criada pelo Papa Pio XI em 1926 para o apoio dos pobres - os cristãos médio-orientais que vivem entre Chipre, Egito, Iraque, Israel, Jordânia, Líbano, Cisjordânia, Gaza, Síria e Turquia são 14,5 milhões.

Dado divulgado na primeira metade de 2017, que se comparado com o análogo período de 2010, quando os cristãos eram 14 milhões e 700 mil, mostra uma queda de cerca 200 mil fiéis.

Os dados deste dossiê - se cruzados com aqueles provenientes de diversas fontes, como o Anuário Pontifício, o "World fact book" da CIA, ONU, Banco Mundial, o Depto de Censo dos EUA - buscam oferecer um amplo panorama da situação dos cristãos nesta conflituosa parte do globo.

Iraque

Partindo precisamente do Iraque, o grande êxodo dos cristãos teve início em 2006, tornando-se sempre mais intenso sobretudo de 2010 a 2014, devido aos contínuos atentados contra igrejas e bairros inteiros, provocando a morte de milhares de civis.

Síria

Também na vizinha Síria, destruída pela guerra civil desencadeada em 2011, a população cristã reduziu-se praticamente a menos da metade. Para a CNEWA, os cristãos passaram de 2,2 milhões em 2010 para 1,1 milhões em 2017. Milhares tiveram que abandonar o país.

Egito

A maior população cristã no Oriente Médio encontra-se no Egito, onde os fiéis coptas representam 10% da população, cerca de 9,4 milhões. Mas também lá, as agitações políticas e econômicas somaram-se a outros atos de violência sectária de matriz islâmica, que viram 76 igrejas queimadas nestes últimos anos.

Israel

Já em Israel, como explica o relatório, hoje existem 170 mil cristão, a grande maioria árabe-israelenses, que correspondem a 2,4% da população.

Em 1948, ano de criação do Estado de Israel, os cristãos eram 20% da população, com o início do conflito árabe-israelense, muitos palestinos de fé cristã abandonaram o país.

Na Cisjordânia os cristãos são 59 mil. Em Gaza, por outro lado, são apenas 1.300 numa população de 2 milhões de habitantes.

Em Jerusalém os cristãos são 15.800 em um universo de 870 mil habitantes.

Jordânia

Na Jordânia vivem atualmente cerca de 350 mil cristãos, cerca de 2,2% da população de maioria muçulmana sunita. Mas com a perseguição do EI, o Reino Hashemita recebeu, nos últimos anos, mais de 30 mil cristãos iraquianos.

Líbano

Situação análoga é vivida no Líbano, onde em 1932 - explica a CNWE - a metade da população era cristã. Hoje o percentual dos cristãos no país gira em torno dos 40%. Muitos libaneses, devido à falta de trabalho, viram-se obrigado a emigrar.

Patriarca Caldeu

Para o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, Raphaël I Sako, "o mundo inteiro deve ajudar os cristãos a permanecerem nestes países. Nós agora - disse ele - temos tantos problemas, está em andamento uma tragédia, uma perseguição. Mas temos também uma vocação e uma missão que é muito importante: mesmo quando estamos fora, devemos falar da nossa presença, da nossa abertura e de nossos valores, que são importantes também para o mundo muçulmano. Assim, podemos ajudar também estes nossos irmãos muçulmanos mais extremistas a abrirem-se um pouco mais para enxergar que no mundo todos devem ser respeitados. Penso que os cristãos tenham, neste sentido, muito a oferecer e fazer".

O Patriarca sublinha, no entanto, que "a situação melhorou um pouco em relação ao passado, mas existe medo em relação ao futuro, porque ainda existem muitos conflitos, o Daesh ainda não foi derrotado e as pessoas têm medo desta ideologia que ainda é forte, um pensamento que vai contra os não-muçulmanos".

Depois, na Planície de Nínive ainda existem dificuldades para o retorno dos cristãos. "O governo não tem dinheiro. A Igreja começou a reconstruir as casas. Os cristãos querem retornar", mas as dificuldades permanecem.

(JE/MT)

 








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