2017-07-24 10:30:00

Jerusalém: contra a violência um fórum inter-religioso


Está muito tenso o clima no Médio Oriente. Lamentam-se 7 mortos entre palestinianos e israelitas e mais de 400 feridos. Tudo começou após o assassinato de dois polícias israelitas no dia 14 de julho: o governo de Israel decidiu implementar fortes medidas de segurança na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém colocando um detetor de metais e impedindo o acesso a menores de 50 anos de idade.

Nas orações de sexta-feira houve grandes confrontos entre palestinianos e a polícia israelita tendo o presidente Abu Mazen anunciado a suspensão dos contactos com Israel.

Precisamente em contra corrente com estes acontecimentos teve lugar na semana passada em Jerusalém um importante encontro inter-religioso dedicado ao valor da cidade para judeus, cristãos e muçulmanos. Uma iniciativa da Universidade Europeia de Roma em colaboração com a Associação Diplomatas e decorreu no âmbito da escola de verão “História Viva: Israel e Territórios Palestinianos”. O tema deste fórum foi: “Jerusalém e as religiões monoteístas: símbolos, atitudes e vida real”.

Sobre este evento e ainda antes dos violentos acontecimentos dos últimos dias o padre Francesco Patton, Custódio da Terra Santa falou à Rádio Vaticano:

“Cada uma das três comunidades tem a sua própria narração da história e está ligada aos lugares. Por isso, por exemplo, o caso emblemático é aquele da Esplanada do Templo, que é também a Esplanada das Mesquitas. Na narração islâmica diz respeito ao terceiro lugar sagrado do Islão, mas na narração hebraica refere-se ao lugar no qual estava o Templo e, portanto, o lugar que na história era o mais sagrado para o hebraísmo. Para nós Jerusalém quer dizer sobretudo o Santo Sepulcro, o Calvário. Portanto, as narrações de cada uma das comunidades devem ser de qualquer modo partilhadas, de modo tal para se sair de uma espécie de convicção de ter o exclusivo ou o monopólio sobre a história da cidade ou sobre a cultura da cidade. Deste ponto de vista, as religiões monoteístas com os seus símbolos, com as suas atitudes, mesmo a vida concreta que estamos a viver, são chamadas a dar um contributo fundamental.”

“A arte maturada nesta cidade é uma arte muito antiga. O mesmo vale para a cultura: é uma cultura que deve ser absolutamente conhecida e cada um deve, de qualquer modo, conhecer a própria, porque a esta está ligada também a própria identidade, mas cada um, um pouco de cada vez, deve conhecer a cultura do outro e portanto a sua identidade, porque é impossível pensar num diálogo sério, que não seja superficial, se não existe esta interação entre as identidades. Mas diria que são importantes também as iniciativas de caráter cultural a um nível mais simples: as iniciativas ligadas à ligação com as escolas no conhecimento daquilo que há em Jerusalém. Por exemplo, abrimos uma exposição multimédia do Museu da Terra Santa ao longo da Via Dolorosa e a maior parte dos estudantes que vêm visitar são muçulmanos; assim estamos a fazer noutros santuários, assim estamos a fazer sobre pedaços de arte específica como são os mosaicos. Assim também com o mundo hebraico há figuras de contacto e de união.”

Participaram neste encontro de Jerusalém o presidente do Conselho Internacional de Cristãos e Judeus, o Rabino David Rosen, protagonista do diálogo judaico-cristão desde o pontificado de João Paulo II; o filósofo palestiniano Sari Nusseibeh, presidente da Universidade al Quds; o estudioso de língua e tradições judaicas, Cyril Aslanov, e o analista do mundo islâmico, Alexander Greenberg, além de especialistas de geopolítica e testemunhos de experiências de diálogo inter-religioso. 

(RS)

 








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