Sudão do Sul: sem a paz não se pode fazer nada, diz Card. Turkson


Cidade do Vaticano (RV) – O Presidente da Conferência Episcopal do Sudão, Dom Edward Hiiboro Kussala, expressou profunda gratidão e apreço, em nome de todos os bispos, pelo afetuoso apoio do Papa Francisco ao Sudão do Sul, país martirizado pela guerra, fome e cólera.

Em 21 de junho, o Prefeito do Dicastério do desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Turkson, havia apresentado a iniciativa “O Papa para o Sudão”, quando se anunciou um financiamento ao país de 500 mil euros, destinado a projetos de ajuda no campo da saúde, da educação, da agricultura.

Uma intervenção concreta não isolada, porque a Santa Sé busca há tempos um caminho para obter a paz, como explicou à RV o Cardeal Turkson:

“O nosso dicastério olha para estes acontecimentos com um pouco de tristeza. Estive lá duas vezes. A primeira vez levei uma carta do Santo Padre ao Arcebispo de Juba; a segunda vez levei uma pequena mensagem ao governo. Devo dizer que o respeito pela Igreja ainda existe. O Presidente recebe com prazer visitas como as minhas e a do Núncio de Nairóbi no Sudão do Sul. Existe um respeito tal pela Igreja, que quando outros diplomatas não conseguem uma audiência, pessoas da Igreja, como o Núncio, como eu, procuram levar a mensagem para resolver um pouco a situação. Portanto, considero que a Igreja ainda tem algum papel a desempenhar naquela situação”.

RV: O senhor pensa em retornar em breve ao Sudão do Sul?

“Certo, estamos tentando organizar uma outra visita ali. Como sabemos, o Santo Padre já demonstrou sua solicitude, enviando um pouco de ajuda para a educação, para a saúde, para os remédios. Este é um gesto bonito, mas a situação no Sudão do Sul exige ainda algo a mais. Assim, prevemos uma visita para o futuro próximo, para se inteirar da situação, para elaborar um programa de ajuda e de assistência à população que agora foge. As pessoas abraçam os fuzis, fazem qualquer coisa para ganhar um salário, porque não tem um ganho, não existe assistência por parte do governo. A situação é um pouco caótica”.

RV: Como o senhor acenou anteriormente, o Santo Padre tem uma solicitude particular, sente uma dor particular pelas vítimas deste conflito, que depois, são os mais pobres, ou seja, os deserdados, as pessoas esquecidas. A ajuda internacional existe?

“Sim. Existe uma base das Nações Unidas. Tem três localizações. Portanto, existe a presença dos Capacetes Azuis da ONU, existe também aquela da União Europeia com os seus embaixadores e depois existem diversos organismos, outros grupos. Nos anos 60, o Papa Paulo VI disse que o novo nome da paz é o desenvolvimento, mas depois logo acrescentou que o desenvolvimento requer necessariamente a paz. Sem a paz não se pode fazer nada. Este é justamente o drama da situação no Sudão do Sul. É preciso uma situação, uma atmosfera um pouco pacífica para poder colocar em pé certos projetos. As pessoas tem necessidade de casa, de agricultura, de escolas, de hospitais. E existem organismos que estão prontos para ajudar neste sentido. Mas sem uma situação de paz que permita a realização destes projetos, fica tudo difícil”.

RV: O senhor é otimista?

“Devemos conseguir, não? E não somente no Sudão do Sul. A mesma solicitude, a mesma preocupação que o Santo Padre demonstrou pela República Centro-Africana, é a mesma que devemos demonstrar pelo Sudão do Sul. O Santo Padre queria ter visitado também o Sudão do Sul. Portanto, o meu otimismo não é devido ao fato de que o Sudão do Sul seja a assim chamada “república cristã”, pois isto não é totalmente verdadeiro. Existem mesquitas. Existe a presença de outras religiões. Existe o islã, existem os muçulmanos. O fato é que quando existe uma humanidade que sofre, como diz a primeira linha da Gaudium et Spes, este sofrimento pode não tocar a todos. Estou convencido de que este país tem todo o potencial para levar em frente o seu desenvolvimento”. (JE/FP)








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