2017-06-28 11:30:00

República Centro-Africana: apelo dos Bispos para o fim da violência


À luz da "nova onda de violência que se verifica no País ", os Bispos da República Centro-Africana enviaram uma mensagem "às mulheres e homens de boa vontade", na qual enfrentam o tema da "violência que se propaga como o  efeito de um incêndio que se difunde”.

Confrontos continuam apesar do acordo alcançado em 19 de junho

Apesar do novo acordo de paz entre o governo de Bangui e  diversos grupos político-militares activos no País, não param, de facto, os confrontos que nas últimas semanas causaram mais de uma centena de vítimas numa guerra civil que dura há quatro anos. Mortos "inocentes e indefesos, soldados da MINUSCA mortos no exercício da sua missão, membros dos grupos armados, são todos nossas irmãs e nossos irmãos", escrevem os Bispos numa carta pastoral publicada nos últimos dias e citada pela agência Sir. Mesmo Caim e Abel "tinham nascido de uma mesma família, e cresceram juntos, expostos e educados aos mesmos valores familiares", e contudo "nada de tudo isso “os poupou da violência”.

A colaboração, principal via para um verdadeiro diálogo

"Nós ainda temos uma saída para a violência?" se perguntam, pois, os Bispos centro-africanos. "Como podemos curar o coração voltado para o mal? Como assumir as nossas responsabilidades perante os crimes e a destruição? Como construir juntos uma sociedade na qual ninguém sofra por culpa do outro?". Segundo os Bispos, "os gritos do sangue derramado das nossas irmãs e dos nossos irmãos sobem a Deus" e d’Ele nos vem o convite para mudar o "olhar, o comportamento e a responsabilidade para com as nossas acções", porque "o acolhimento e a colaboração são a melhor via para um verdadeiro diálogo e para uma reconciliação sincera”.

Revoltante assistir a massacres de civis que permanecem impunes

A carta pastoral publicada durante a Assembleia plenária, encerrada no dia 25 de junho em Kaga-Bandoro, descreve como "doloroso, frustrante e até mesmo revoltante" assistir massacres impunes de inocentes. Os Bispos estão convencidos que "o ódio e o espírito de vingança não são um ciclo interminável de violência", desde que se faça "o esforço de mútua estima e de nos olharmos como próximos". Para superar "as diferenças religiosas, políticas e sociais, a falta de sinceridade de diversos actores sociopolíticos, o sentimento de vingança e revolta que se amplifica perante a violência e as injustiças", sublinham, é necessário "desarmar os corações e deixar de ser instrumentos de morte", “superar o medo do outro, as suspeitas e boatos para dar uma possibilidade à reconstrução da confiança” e “colocar juntos talentos e inteligência ao serviço da reconstrução do País e não da sua destruição”.

Superar as divisões ideológicas e os interesses pessoais

Os Bispos pedem, portanto, que se "dê uma possibilidade" às instituições (entre as quais o Tribunal Penal Especial) para favorecer "a vinda de um contexto socioeconómico propício à paz e ao desenvolvimento" e se dirigem aos "actores sociopolíticos" para que superem as "divisões ideológicas e os interesses pessoais para se empenharem resolutamente na busca do bem comum". Dos Bispos, finalmente, um obrigado "à comunidade internacional e a todos os nossos irmãos e amigos que não deixam de nos dar o seu apoio no doloroso caminho da reconstrução do País”. (BS)

 








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