Pe. Arlindo: "Junte um grupo e acolha N. Senhora em sua casa"


Cidade do Vaticano (RV) – Nesta entrevista concedida a Jackson Erpen durante a peregrinação à imagem de Nossa Senhora Aparecida nos Jardins do Vaticano, sábado, 24 de junho, Pe. Arlindo Dias, verbita, sintetiza o significado da iniciativa. A fé, a comunhão e a preocupação dos brasileiros em Roma com a situação atual do nosso país; o caminho que Maria nos indica, a adesão à Encíclica Laudato si, e a religiosidade popular são alguns dos temas abordados. Ouça na integra:

Brasileiros unidos em oração por um Brasil melhor

“Eu também estou muito emocionado com este momento porque é celebrar com o Brasil o Ano Mariano. Como dizia Dom João, o Brasil se encontra numa encruzilhada. Um pedaço do nosso coração está no Brasil, cheio de preocupação, pensando no futuro, especialmente dos mais pobres e dos mais abandonados. Eu penso que aqui em Roma, e todos os brasileiros no mundo inteiro deveriam estar unidos em oração e ao mesmo tempo, exigindo uma tomada de posição daqueles que querem a verdade, a justiça, e um Brasil melhor para os mais pobres e mais abandonados. Nossa Senhora garante: eu estou do lado dos mais fracos, dos mais pequenos, porque Deus derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes”.

O caminho

“É hora da verdade. Jesus falou ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’ e a mãe de Jesus mostra Jesus como caminho, pede a verdade e pede ao Brasil para olhar para os mais pobres, para os mais pequenos, e que este dinheiro que foi tirado da boca do pobre e da boca do pobre seja devolvido e a verdade apareça e todos os que fizeram mal reconheçam e mudem de vida”.

“O Brasil precisa andar para frente e Nossa Senhora vem conosco e diz. ‘Vou com vocês’, com Jesus na sua frente. Então, nós queremos dizer ao Brasil ‘Coragem’, nós estamos rezando por todos vocês, mas se comprometam com a verdade, com a justiça e com um Brasil melhor para todo o povo brasileiro”.

Brasileiros de Roma em comunhão com os compatriotas no Brasil

“É a beleza da nossa Igreja católica: aqui estavam os leigos das comunidades de imigrantes brasileiros em Roma, aqui estavam as religiosas e religiosos brasileiros, aqui estava o Prefeito de uma das Congregações importantes, Card. João Braz de Aviz, representando o Papa, e aqui estava o Papa Francisco, que fez este gesto bonito de trazer Nossa Senhora Aparecida a Roma. Ao eleger um Papa de outro continente, de outras terras, os cardeais disseram ‘A Igreja católica é universal, está presente no mundo inteiro, e a Mãe de Deus, em todas as culturas e em todos os povos, do modo que ela expressa, é a nossa Mãe, a Mãe de Jesus e nós a amamos. Seja Aparecida, seja Fátima, seja Guadalupe, é a mesma Mãe de Jesus reunindo seu povo. E hoje foi Aparecida, reunindo os brasileiros em Roma e dizendo ‘Coragem, eu estou com vocês e meu filho Jesus quer vida, e vida em abundância para todos”.

Cada mistério um bioma. Como surgiu a ideia?

“A ideia foi da comunidade que preparou. Esta é a beleza deste Ano mariano em Roma. Cada evento é a cargo de uma comunidade e eles prepararam do modo que acharam melhor. Depois vai ser o Colégio Pio Brasileiro e em seguida, outros grupos. A ideia era estar em comunhão com a Campanha da Fraternidade no Brasil: a beleza da proposta da CNBB de a cada ano, ligar fé e vida. Este ano, é ligada aos biomas, com esta diversidade que Deus criou e ao mesmo tempo tem que proteger o planeta, a terra, proteger os povos indígenas que neste momento estão muito debilitados e muito ameaçados, proteger a Amazônia. Então, com estes mistérios, pensando em Nossa Senhora, na caminhada de Jesus, na caminhada de Maria e de toda a família ampliada de Jesus, nós nos unimos à família ampliada do Brasil e trazemos aqui, ao coração da Igreja católica no Vaticano, esta problemática que o Papa tanto abordou na Laudato si. Cuidar do planeta, cuidar da vida, e cuidar dos mais pobres”.

A imagem de Nossa Senhora peregrina em Roma

“Isto é uma coisa muito bonita, inclusive existe uma certa ‘briga’: quem vai primeiro, quem leva Nossa Senhora para casa. Começou com as comunidades religiosas, e a cada 2,3,4 dias está indo para uma casa, para outra. Saiu do colégio Pio Brasileiro e agora está girando por toda Roma. Agora os leigos também querem levá-la para suas casas. E vocês, da RV, obviamente já receberam Maria e já colocaram pelas ondas de todo o Brasil a presença de Nossa Senhora Aparecida que vai visitando seus filhos, levando esperança, coragem e conforto a quem precisa”.

A tradição da capelinha de Nossa Senhora nas famílias

“Esta tradição começou depois da pesca milagrosa, da pesca feminina, quando os pescadores juntaram o corpo e a cabeça, que é um problema do mundo hoje. Temos muita cabeça e pouco coração. Às vezes o corpo fica separado da cabeça, e é preciso juntar. O lugar de juntar é na família, nas pequenas casas, nas pequenas comunidades. Aqueles pescadores que abraçaram Maria, a acolheram, a agasalharam e a levaram para casa hoje nos dão o exemplo e dizem ‘Façam a mesma coisa’ na sua rua, no seu bairro. Junte um grupo, acolha Maria na sua casa. Acolhendo Maria você está acolhendo o Filho Jesus e o Evangelho dentro de sua casa. Então faça deste Evangelho vida com os vizinhos, com a família, fazendo um clima de amizade, de amor, de união, que depois vai construindo um país melhor, um país mais justo e mais fraterno”. 

 








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