Dom Adriano Ciocca: do sertão ao manancial do Brasil


Cidade do Vaticano (RV) – Prosseguimos a nossa visita virtual, mas solidária, à Prelazia de São Felix do Araguaia, no Mato Grosso, com o bispo, Dom Adriano Ciocca. Este “Povo de Deus no Sertão”, como afirma a Prelazia, procura viver e anunciar a Boa Nova do Evangelho com alegria, jeito humilde e paixão, acolhendo o Reino de Deus e contribuindo em sua construção.

A prelazia de São Félix foi erigida em 1969, pelo Papa Paulo VI e desde então, luta ao lado deste povo nos campos da justiça, dos direitos humanos, na política, no sindicato, no movimento popular e na militância ecológica em busca de uma sociedade igualitária e solidária e de uma Terra-Mãe preservada.

As maiores dificuldades na organização de uma pastoral de longo prazo

No âmbito da formação de uma comunidades participativa e organizada, as dificuldades são várias e persistentes.Ouça Dom Adriano:

“Nossas maiores dificuldades hoje são a instabilidade: se trabalha, mas quando se começa a formar um grupo, uma comunidade, depois de um, dois ou três anos, muitas vezes não encontramos mais as pessoas, ou elas são mudadas. Estas contínuas mudanças são muito difíceis de gerir”.

“Outro problema grande para a nossa prelazia é a mudança de agentes de pastoral. Da prelazia mesmo, temos pouquíssimas pessoas, leigos, religiosos e padres (temos um só incardinado na prelazia, os outros são religiosos ou fidei donum emprestados de outras dioceses). Então, quem não é do lugar e é ligado à congregação ou a outra diocese, permanece alguns anos, mas em qualquer momento pode ser chamado pelo superior ou pelo bispo de origem. Isto também fragmenta muito o trabalho. Pensar num projeto pastoral a longo prazo é extremamente difícil. Isto também limita muito as possibilidades”.

Com 155 mil km2 de território, as distâncias também constituem um problema logístico e econômico, pois geram também um desgaste dos carros, complicando ulteriormente o trabalho. No entanto, nada disso altera o estado de espírito do bispo. Dom Adriano se maravilha ainda com a riqueza de recursos do meio ambiente...

Espírito de adaptação 

“Desde que vim da Itália em 1979 permaneci no Nordeste por 33 anos, em Floresta do Navio, na caatinga de Pernambuco, que é a região semiárida mais seca de Pernambuco. Depois de 33 anos de sertão, eu me sinto mais nordestino do que italiano”.

“Quando cheguei ao Mato Grosso, tive a reação que creio a maioria dos nordestinos tinham e têm quando chegam aqui. Vindo de uma região seca, sem água, com dificuldades para tudo e muita pobreza, vendo este lugar onde tem muita água, árvores grandes e sempre verdes, com ainda pesca, caça, a gente acha que chegou no paraíso...”.

(SP/CM)

 








All the contents on this site are copyrighted ©.