Pentecostes e a Igreja pós-conciliar


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos tratar no programa de hoje sobre Pentecostes e a Igreja pós-Conciliar.

No último domingo a Igreja festejou Pentecostes, dia em que o Espírito Santo foi enviado à Igreja primitiva, mas não de uma só vez, pois Ele continua a iluminar e conduzir a Igreja, possibilitando aos crentes um constante acesso ao Pai por Cristo Jesus.  O Espírito, que faz novas todas as coisas. No programa passado, o Padre Gerson Schmidt nos propôs a reflexão "Carismas e dons que levam a Cristo Senhor". Na edição de hoje deste nosso espaço, o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre nos traz o tema "Pentecostes e a Igreja pós-conciliar":

“O Espírito Santo dá assistência à Igreja, relembrando e concordando a obra de Cristo. A vinda do Espírito Santo em Pentecostes traduz-se em uma repentina iluminação de todas as ações e a pessoa de Cristo. Raniero Cantalamessa, nas pregações da quaresma, lembra que Pedro concluiu o seu discurso de Pentecostes com a solene definição, que hoje se diria “urbi et orbi”– termo latino que significa "à cidade de Roma e ao mundo" em português, era a abertura de pronunciamentos romanos e atualmente é como é denominado a bênção de Páscoa e Natal, onde o Papa se dirige ao público em geral na Praça de São Pedro, na Itália.

De igual magnitude desse pronunciamento urbi et orbi foi a proclamação de Pedro no seu discurso de Pentecostes: "Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor (Kyrios) e Messias" (At 2,36). A partir daquele dia, a comunidade primitiva começou a repassar a vida de Jesus, a sua morte e a sua ressurreição, de maneira diversa; tudo pareceu claro, como se tivesse sido tirado um véu de seus olhos (cf. 2 Cor 3,16). Mesmo vivendo lado a lado com ele, sem o Espírito não tinham podido penetrar em profundidade em seu mistérios.

“Alguns acreditam que a ênfase atual sobre o Espírito Santo possa colocar na sombra a obra de Cristo, como se esta fosse incompleta ou perfectível. É uma incompreensão total. O Espírito nunca diz "eu", nunca fala em primeira pessoa, não pretende fundar uma obra própria, mas sempre faz referência a Cristo. O Espírito Santo não faz coisas novas, mas faz novas todas as coisas! Não acrescenta nada às coisas "instituídas" por Jesus, mas as vivifica e renova”, afirmou Cantalamessa na pregação quaresmal à casa pontifícia. O Espírito Santo, portanto, não traz algo novo, mas renova e atualiza em nós a obra nova de Jesus Cristo que é, em última análise, novos céus e nova terra, como afirma o livro do apocalipse, ou ainda à regeneração, recapitulação de tudo nele, como afirma o hino paulino.

Continua o pregador da casa Pontíficia: “Hoje está em andamento uma reaproximação entre teologia ortodoxa e teologia católica sobre este tema da relação entre Cristo e o Espírito. O teólogo Johannes Zizioulas, em um encontro realizado em Bolonha em 1980, por um lado manifestava reservas sobre a eclesiologia do Concílio Vaticano II porque, segundo ele, "o Espírito Santo era introduzido na eclesiologia depois que se tinha construído o edifício da Igreja somente com material cristológico"; por outro, porém, reconhecia que também a teologia ortodoxa tinha necessidade de repensar a relação entre cristologia e pneumatologia – o estudo sobre o Espírito Santo, para não construir a eclesiologia somente sobre uma base pneumatológica. Em outras palavras, nós latinos somos estimulados a aprofundar o papel do Espírito Santo na vida interna da Igreja (que foi o que ocorreu após o Concílio), e os irmãos ortodoxos o de Cristo e da presença na Igreja na história”.

Como a Constituição Dogmática conciliar Lumen Gentium, no capítulo 04: “Pela força do Evangelho – o Espírito Santo - rejuvenesce a Igreja e renova-a continuamente e leva-a à união perfeita com o seu Esposo – afirmativa de Santo Irineu. Porque o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: «Vem» (cfr. Apoc. 22,17)!"

 

 

 

 

 








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