Editorial: trabalho, prioridade do homem


Cidade do Vaticano (RV) – No último sábado, dia 27 de maio, o Papa Francisco pegou o seu cajado de Pastor e foi visitar a cidade italiana de Gênova, uma cidade conhecida histórica e mundialmente pelo seu importante porto. O Santo Padre visitou essa cidade, visita que provocou tantas emoções na chamada “Cidade da Lanterna”. O grande farol que domina a cidade parecia resplandecer ainda mais a sua luz como a indicar o caminho com a força da fé e a luz de Cristo levada por Francisco. Entre os muitos encontros previstos um chamou muito a atenção dos fiéis e da imprensa em geral, o encontro com o mundo do trabalho, primeira etapa dessa sua peregrinação. Francisco visitou a empresa Ilva, “emblemática” nesta crise que atinge o mundo do trabalho. A empresa passa por dificuldades e muitos de seus funcionários correm o perigo de perder o emprego.

Esse é um cenário que se repete em muitos lugares do nosso planeta, tanto na Europa, na África, na Ásia, na América Latina, como no Brasil. Nas suas palavras, também dirigidas aos nossos trabalhadores e empregadores brasileiros, Francisco recordou que o “trabalho é uma prioridade humana e portanto, é uma prioridade cristã, uma prioridade nossa”. Francisco se disse comovido ao ver o porto de onde o seu pai partiu como migrante em direção à Argentina.

Eram em 3 mil trabalhadores que acolheram o Papa entre aplausos e aperto de mão. Eles confiaram a Francisco seus temores e dificuldades.

O “Papa de aço”, como o chamaram os genoveses – respondeu a eles e falou da importância da figura do empresário, “fundamental em toda boa economia”.

“Não devemos esquecer que o empresário deve ser antes de tudo um trabalhador, disse o Papa. Nenhum bom empresário gosta de despedir o seu funcionário, porque quem pensa resolver o problema da sua empresa despedindo funcionários, não é um bom empresário: é um comerciante. E Francisco foi lapidário: “hoje vende a sua gente, amanhã… vende a própria dignidade”. É fundamental reconhecer as virtudes dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Falando ainda sobre economia, falou sobre uma economia “abstrata”, sem rostos, que somente especula, que deve ser “temida”, pois é incapaz de amar empresas e homens, incapaz de construir. Às vezes o sistema político parece encorajar quem especula sobre o trabalho e não quem investe e acredita no trabalho. Francisco apontou o dedo contra “regulamentos e leis pesadas e desonestas” que acabam por penalizar as pessoas honestas.

O Papa condenou duramente o que ele chamou de “chantagem social”, ou seja, o trabalho feito de horários massacrantes, mal remunerado, não declarado. Trabalhando, nós nos tornamos mais pessoa, disse. Para Bergoglio os homens e as mulheres se nutrem do trabalho: com o trabalho são ungidos de dignidade.

Francisco rejeita ainda a lógica de um Estado que envia para a aposentadoria as pessoas sem se preocupar com a sobrevivência daqueles que lutaram durante uma vida inteira. O Olhar também para os jovens, reiterando que “um subsídio estatal, mensal, que faça levar avante uma família não resolve o problema”. “O problema deve ser resolvido com trabalho para todos”.

O valor do trabalho, que é fruto da fadiga, não é finalizado ao mero consumo, mas é “o centro de todo pacto social” que rege também a democracia e não um mero meio para poder consumir. Para muitos o consumo é o ídolo do nosso tempo.

O objetivo real a ser atingido não é a renda para todos disse Francisco, ‘mas o trabalho para todos’, porque sem trabalho não haverá dignidade para todos. Em muitas famílias onde falta o trabalho da segunda-feira, jamais será plenamente domingo. (Silvonei José)








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