História de Dom Ling, que será o primeiro Cardeal do Laos, impressionou Papa


Cidade do Vaticano (RV) – Entre os novos Cardeais a serem criados pelo Pontífice em 28 de junho encontra-se o Bispo e Vigário Apostólico de Paksè, Laos, Dom Louis-Marie Ling Mangkhanekhoun.

O Papa conheceu-o pessoalmente em janeiro passado quando, ao lado de outro bispo laosiano, Dom Tito Bachong, narrou o período passado na prisão, na época em que o Laos – nação do sudeste asiático – era governado pelos comunistas Pathet Lao.

Bergoglio ficou impressionado com a história, também pela forma serena e humilde como foi contada. Mas sobretudo, porque Dom Ling reconhece a mão de Deus em seu sofrimento e provação: “O cárcere foi um tempo de privação material, mas não espiritual: não podia celebrar missa, mas era eu mesmo um sacrifício vivo agradável a Deus. Aquilo que cada batizado é chamado a ser na vida”, contou mais tarde o prelado ao Vatican Insider.

Primeiro Cardeal do Laos

Louis-Marie Ling Mangkhanekhoun, Vigário Apostólico de Paksè e Administrador Apostólico na capital Vientiane será o primeiro Cardeal do Laos.

Um acontecimento histórico, portanto, para a pequena Igreja local - com cerca de 45 fiéis, menos de 1% da população de 7 milhões de habitantes – formada por pequenas comunidades espalhadas pelos vilarejos rurais, na floresta pluvial ou nas quase impenetráveis montanhas.

Comunidades tribais formadas também por poucas famílias, muito diferentes entre si por etnia, usos e costumes: são os grupos indígenas hmong, khmou, akha, além dos mon, khmer, tibetano-birmanês e outros.

O Bispo Ling, de 73 anos, pertence aos khmou, presentes no norte do Laos e no sul da China.

Comunidade católica no Laos

Dos 1,3 milhões de habitantes que vivem no território do Vicariato de Paksè, apenas 15 mil são católicos. Os sacerdotes são sete, os religiosos nove e as religiosas 16.

A vocação

Único filho homem em uma família com cinco irmãs, o pequeno Louis-Marie foi batizado em 1952 pela mãe, que havia se convertido ao catolicismo, após a chegada de missionários ao vilarejo.

A família aceitou com honra mas também com sacrifício o desejo de o filho entrar no seminário. Definida a vocação, Ling foi enviado ao Canadá para os estudos de Filosofia e Teologia, onde se uniu ao Instituto Voluntas Dei.

Prisão

Ao retornar ao Laos, encontrou uma nação envolvida pela guerrilha dos militantes comunistas que tomam o poder em 1975. A sua ordenação sacerdotal foi realizada às pressas, em 1972, em um campo de refugiados. O jovem sacerdote vive anos de espera e em meio ao medo. Ficou na prisão de 1984 a 1987, dividindo a cela com outro sacerdote, Tito Bachong.

Ação pastoral

Libertado, Ling retorna alguns anos mais tarde à sua Província Natal, Paksè, inicialmente como sacerdote e mais tarde como Vigário Apostólico.

Há 17 anos Ling está à frente da comunidade local em um caminho que a viu crescer gradualmente no testemunho evangélico, em maio a um contexto por vezes hostil. De fato, são os funcionários locais que tornam-se intérpretes – por vezes de forma rigorosa – de uma legislação sobre liberdade religiosa que – mesmo contemplada em plenitude na Constituição de 1991 – se ressente ainda de uma restritiva abordagem comunista.

Há alguns anos a condição dos católicos laosianos melhorou visivelmente. Os bispos têm uma única Conferência episcopal com os prelados cambojanos, têm liberdade de movimento, podendo participar das atividades organizadas pela Santa Sé (como o Sínodo ou as visitas ad Limina), além de terem boas relações com as autoridades civis.

Beatificação de 17 mártires laosianos

Há poucos meses – em 11 de dezembro de 2016 -  a comunidade guiada por Dom Ling havia testemunhado um acontecimento histórico: a beatificação na Catedral de Vientiani de 17 mártires, entre eles, Padre Joseph Thao Tien, o primeiro sacerdote laosiano, assassinado em 1954 e cinco catequistas indígenas. Uma festa que reuniu mais de 7 mil fiéis, o que foi definido pelo prelado como “um verdadeiro milagre para nós”.

Este ano o Bispo Ling poderá ordenar um novo sacerdote, passando o Vicariato a contar com oito padres, todos laosianos. “Tudo é obra de Deus. Nós seguimos somente a inspiração do Espírito Santo”, afirma o Bispo ao comentar os trabalhos pastorais.

Dom Ling é um homem de esperança e ao viver sua experiência de fé, olha para o futuro de sua pátria e da Igreja no Laos com confiante expectativa. Também a ajuda pastoral de sacerdotes e religiosas da Tailândia, Vietnã e Camboja poderão ajudar a Igreja local, visto que os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) não necessitam de visto para ingressar no Laos.

(JE com Vatican Insider)








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