Crônica: semelhanças e diferenças nos funerais islâmicos e cristãos


Dubai (RV*) - Amigas e amigos da Rádio Vaticano, é com alegria que lhes envio uma saudação de paz e esperança na harmonia e respeito entre as religiões.

Já ouvi a expressão: “morte é um dos acontecimentos mais democráticos em todas as sociedades”. De fato, ninguém permanece sobre este planeta para sempre. 

Na história de todas as religiões encontramos rituais, cerimonias e atitudes que as pessoas criaram para quem se desligou definitivamente do convívio com seus semelhantes.

Como no cristianismo, o código islâmico contempla a consolação e necessidades da família enlutada e a exigência de rezar pelo sossego de quem partiu.  Os muçulmanos presentes ao funeral ou que tomaram conhecimento de um falecimento de alguém devem fazer a “Salatul Janaza" (oração fúnebre). Este ato, ao mesmo tempo que confere inúmeros benefícios ao morto, é uma forma de prestar a última homenagem a ele.

O costume de chorar, lamentar e demonstrar pesar excessivo pelos mortos foi abolido no Islã.  Como no cristianismo, o motivo é que a morte não é concebida como uma aniquilação e eliminação da existência do indivíduo.  É uma passagem de uma vida para outra e não há nada que trará de volta um defunto. O versículo do Alcorão reza: “Somos de Deus e a Ele retornaremos” (2:156).

Ao contrário das culturas de influência cristã, as manifestações de luto com faixas, roupas, desistência do uso de adereços para aparentar tristeza são proibidos no Islã, mesmo no caso da viúva por seu marido. Contudo, em memória por seu finado e por lealdade aos laços sagrados do casamento, ela não poderá receber propostas de casamento durante os 4 meses e 10 dias que se seguem ao falecimento do companheiro.

Todavia, o luto não é eliminado totalmente. Os ensinamentos islâmicos entendem que a tristeza e a mágoa afetam as pessoas naturalmente. Por isso permitem 3 dias e 3 noites depois do falecimento para que os familiares recebam as condolências. Por ocasião da morte do marido, a mulher tem direito de guardar um período mais longo de luto.

 A fórmula usada para as condolências é: "Possa Deus dar-vos recompensa abundante e grande consolo, e a concessão de perdão para o falecido", para qual a resposta deve ser: ‘’Que Deus ouça a vossa prece, e tenha piedade de nós e vós. ’’

Como entre nós, a visita às sepulturas é louvável, pois tem o fim de dar lições e nos lembra de que um dia nós também sairemos deste mundo. A melhor oração que um vivo pode fazer é pedir a Deus o perdão para a pessoa falecida.

A inspiração de orar pelo perdão dos pecados dos nossos falecidos vem da Sagrada Escritura: "Eis porque ele (Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2 Mac 12, 46).

*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano








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