O Espírito Santo, a maior novidade do pós-Concílio


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar no programa de hoje sobre a maior novidade do pós-Concílio, na teologia e na vida da Igreja: o Espírito Santo.

Como já fizemos em outras oportunidades, vamos inspirar este nosso espaço na pregação de Advento do Frei Raniero Cantalamessa ao Santo Padre e à Cúria Romana. Nela, o Pregador da Casa Pontifícia reflete sobre os frutos do Concílio Vaticano II, ressaltando a força e a atuação do Espírito Santo que soprou um novo vento, trazendo uma renovação através de diversos movimentos. Padre Gerson Schmidt:

“Raniero Cantalamessa, fez no advento, no início desse novo ano litúrgico A que estamos mergulhados, novamente um resgate da novidade do pós-concílio, decorridos mais de 50 anos. O pregador da Casa Pontifícia tem refletido sobre o cinquentenário do concílio e suas aplicações práticas e teologais para a Igreja atual, o que nos interessa aqui de modo muito peculiar.

Disse assim Cantalamessa: “Com a celebração do Jubileu de aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II, terminou a primeira fase do "pós-concílio" e abriu-se uma outra. Se a primeira fase foi caracterizada por problemas relacionados à "recepção" do Concílio, esta nova será caracterizada, creio eu, pelo completar e integrar o Concílio; em outras palavras, pela releitura do Concílio à luz dos frutos produzidos por este, destacando também o que nele está ausente, ou presente apenas de forma embrionária”. Embrião aqui no Concilio seja para Cantalamessa a força e atuação do Espírito Santo na Igreja, que aparece em diversas partes isoladas, mas não como força impulsionadora de tudo.

Raneiro disse que a maior novidade do pós-Concílio, na teologia e na vida da Igreja, tem um nome específico: o Espírito Santo. O Concílio não havia ignorado a sua ação na Igreja, mas havia mencionando o Espírito Santo muitas vezes, mas sem destacar o seu papel central, nem sequer na constituição Sacrossanctum Concilium, sobre a Liturgia. Cantalamessa recordou uma conversa, no tempo em que estava na Comissão Teológica Internacional, com o Pe. Yves Congar que usou uma imagem forte a este respeito. Congar falou de um Espírito Santo, espalhado aqui e ali nos textos, como se faz com o açúcar nos doces, mas que não se torna parte da composição da massa, como tempero principal que dá maior e verdadeiro sabor.

Mas o degelo havia começado. Podemos dizer que a intuição de São João XXIII do Concílio como sendo “um novo Pentecostes para a Igreja” encontrou a sua implementação somente mais tarde, terminado o concílio, como tem acontecido muitas vezes nas histórias dos Concílios. Cantalamessa recordou os novos movimentos surgidos no pós-Concilio.

Nesse ano de 2017 vai se comemorar o 50 anos, o Jubileu de aniversário do início, na Igreja Católica, da Renovação Carismática. É um dos muitos sinais – o mais evidente pela vastidão do fenômeno – do despertar do Espírito e dos carismas na Igreja. O Concílio havia preparado o caminho para a sua recepção, falando, na Lumen Gentium, da dimensão carismática da Igreja, juntamente com aquela institucional e hierárquica, e insistindo na importância dos carismas¹.

Na homilia da Missa Crismal da Quinta-feira Santa de 2012, Bento XVI disse: "Quem olha para a história da época pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que muitas vezes assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que torna quase palpáveis a vivacidade inesgotável da Santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo". Aqui recordamos não só a RCC, mas também o movimento Focolare, o Caminho Neocatecumenal e o Movimento de Comunhão e Libertação, surgidos e impulsionados pelo Concilio Vaticano II.

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¹ Lumen gentium 12

 








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