Maranhão: facadas contra a autodeterminação do Povo Gamela


Brasília (RV) - A Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) expressa total apoio ao povo Gamela diante do acontecimento gravíssimo envolvendo-o no município de Matinha (MA), no último dia 30 de abril. A Repam exige que sejam ouvidos os clamores desses povos que há séculos cultivam as terras, respeitando a biodiversidade e que mostram por suas práticas que há alternativas sustentáveis. Que o governo escute o povo mais do que discursem sobre seus planos e projetos. E que sejam tomadas medidas cabíveis no sentindo de elucidar os responsáveis pela violência contra o povo Gamela.

Os bispos do regional Nordeste 5 da CNBB, que naqueles dias estavam reunidos em Aparecida (SP), emitiram uma nota de solidariedade ao Povo Gamela.

Entretanto, o governador do Maranhão, Flávio Dino, convidou o bispo de Viana (MA) e o de Brejo, Dom Sebastião Lima Duarte e Dom José Valdeci Santos Mendes, para um encontro 4ª feira, na capital do estado, para tentar uma mediação e solucionar o conflito de terras entre os índios autodeclarados Gamela e posseiros daquela região da baixada maranhense. Dom Sebastião, que elucidou o caso aos bispos brasileiros durante a 55ª AG em Aparecida, faz o seu relato do episódio. Ouça a integra:

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“Eles estão no processo de retomada do território. Há cerca de 4 anos, este povo se auto-definiu como indígena e desde lá, estão pleiteando a terra para desenvolver sua vida, já que esta terra foi quase toda ocupada por pequenos posseiros, proprietários. Neste processo, já encaminharam algumas coisas: já esteve lá uma equipe da Funai, fez um levantamento de todas as famílias que se identificavam como indígenas, são mais de 1.500 pessoas, e o processo foi para Brasília. Só que eles acham que o processo está demorando muito. Já foram à São Luís, junto ao Incra, junto à Funai, participaram de uns dias de greve de fome juntamente com os quilombolas, para tentar resolver também a situação deles. Foi um negócio muito triste e preocupante para todo mundo. Depois disso, como não surtiu efeito, começaram a fazer o que chamam de ‘retomada’ do território”.

O conflito do dia 30 de abril entre moradores Gamela e posseiros deixou 6 pessoas feridas de modo sério, que foram levadas para São Luís.

“Eu estava em Aparecida, na Assembleia dos Bispos, mas aqui em Viana, temos uma irmã das Pastorais Sociais, que teve muita coragem e foi à noite até lá no local (do confronto) e recolher as pessoas que estavam pelo chão como que mortas: a Irmã Cristina, das Filhas de São José, que mora aqui no Brasil e trabalha aqui em Viana há muito tempo com os presos, no projeto de ressocialização. Com a sua sensibilidade, ela foi lá e conseguiu colocar num carro algumas pessoas que estavam mal. Levou-as até uma cidade vizinha e de lá foram transportadas para São Luís. A situação é muito grave”, conclui o Bispo.








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