O Espírito Santo, que falou pelos Profetas


Cidade do Vaticano (RV) – No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar das definições do Espírito Santo no Credo.

No programa passado, vimos como o Espírito Santo, apesar de tudo, “será sempre o Deus escondido, mesmo se conhecemos os efeitos. Ele é como o vento: ninguém sabe de onde vem e para onde vai, mas vemos os efeitos da sua passagem. É como a luz que ilumina tudo o que está à frente, ficando ela própria escondida”. Por isso é a pessoa menos conhecido e amada das Três, apesar de ser o Amor em pessoa.

Padre Gerson Schmidt nos recordou em como é fácil para nós pensarmos no Pai e no Filho como “pessoas”, sendo isto mais difícil o Espírito. “Para falar do Espírito Santo só temos a revelação e a experiência”. Frei  Raniero Cantalamessa , na Pregação de Advento ao Papa e à Cúria, disse que compreenderemos totalmente quem é o Espírito Santo somente no Paraíso.

Na nossa edição de hoje, o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre nos traz a terceira afirmativa do Credo sobre o Espírito Santo: “e falou por meio dos Profetas”.

“Finalmente Cantalamessa comenta a terceira afirmativa do Credo sobre o Espírito Santo: "... e falou pelos profetas".

Estamos na terceira e última grande afirmação sobre o Espírito Santo. Depois de professar a nossa fé na ação vivificante e santificadora do Espírito na primeira parte do artigo (o Espírito que é o Senhor e dá a vida), agora se menciona também a sua ação carismática. Dessa se nomeia um carisma por todos, aquele que Paulo disse ser o primeiro por importância, ou seja, a profecia (cf. 1 Cor 14).

Até do carisma profético se menciona somente um momento: o Espírito que “falou por meio dos profetas”, ou seja, no Antigo Testamento. A afirmação é baseada em vários textos da Escritura, mas, em particular, em 2 Pedro 1, 21: "Movidos pelo Espírito Santo, falaram alguns homens da parte de Deus."

A Carta aos Hebreus diz que "depois de falar um tempo por meio dos profetas, nos últimos tempos, Deus falou a nós no Filho" (cf. Hb 1,1-2). O Espírito não parou, então, de falar por meio dos profetas; o fez com Jesus e o faz ainda hoje na Igreja. Esta e outras lacunas do símbolo foram preenchidas gradualmente na prática da Igreja, sem necessidade, para isso, de mudar o texto do credo (como aconteceu, infelizmente, no mundo latino, com a adição do Filioque). Vemos um exemplo na epíclese – que é o momento da invocação do Espirito Santo na Prece Eucarística - da liturgia ortodoxa rezada por São Tiago, que diz assim:

"Envia... o teu santíssimo Espírito, Senhor e vivificador, que senta contigo, Deus e Pai, e com o teu Filho unigênito; que reina consubstancial e co-eterno. Ele falou na Lei, nos Profetas e no Novo Testamento; desceu em forma de pomba em nosso Senhor Jesus Cristo no Rio Jordão, repousando sobre ele, e desceu sobre os santos apóstolos... no dia do Santo Pentecostes¹".

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[1]  In A. Hänggi - I. Pahl, Prex Eucharistica, Fribourg, Suisse, 1968, p. 250.

 

 

 








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