Venezuela: oposição diz ao Papa que único diálogo aceito no país é o voto


Caracas (RV) – A oposição venezuelana, reunida no domingo (30/05) na “Mesa de la Unidad Democrática (MUD)”, respondeu ao Papa Francisco, assegurando que se encontram “mais unidos do que nunca” em relação à exigência de mudança política no país, enfatizando que o “único diálogo” a ser aceito na nação é “o do voto”.

No Regina Coeli de domingo, de fato, o Santo Padre havia manifestado sua preocupação em relação à grave situação vivida no país, pedindo que fosse evitada “qualquer nova forma de violência”, que “os direitos humanos fossem respeitados e que fossem buscadas  “soluções negociadas para a crise humanitária, social, política e econômica que está castigando a população”.

Também no voo de retorno do Egito, ao ser interpelado por jornalistas sobre a questão, o Pontífice havia assegurado que a Santa Sé está disposta a interferir, mas apenas com “condições claras, com as garantias necessárias”, reiterando que “tudo o que for possível fazer, tem de ser feito”.

Na carta aberta, a MUD agradece ao Papa a preocupação pela Venezuela e assinala que, além de estarem unidos “com respeito a estas demandas e ações” e com respeito por sua afirmação “sobre a necessidade de um diálogo com condições, a Unidade faz suas as condições apresentadas pelo Secretário de Estado Pietro Parolin”, ao governo de Nicolás Maduro.

De fato, o Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin havia enviado uma carta ao governo venezuelano em dezembro último, onde fazia quatro pedidos: autorização para o envio de assistência humanitária; um calendário eleitoral claramente estabelecido; restituição das prerrogativas ao Parlamento e libertação dos prisioneiros políticos.

“A Unidade, de maneira unitária e sem exceções – continua a nota -  deixou claro diante dos venezuelanos e diante do mundo que o único diálogo aceito hoje na Venezuela é o diálogo dos votos, como único caminho para destravar a crise e reestabelecer a democracia hoje sequestrada na Venezuela”, afirma a MUD, na carta aberta dirigida ao Papa.

A MUD assegura que a última evidência de sua união “é o recente manifesto, assinado por unanimidade e sem exceção alguma por todos os partidos políticos da Unidade, nesta mesma semana”.

No manifesto são especificados os objetivos, entre os quais destacam-se a restituição “de maneira imediata do exercício do direito às eleições, com um Conselho Nacional (CNE) imparcial que respeite as leis, com a participação dos líderes políticos que estão presos ou inabilitados e com a presença de observadores internacionais”.

Pedem, ademais, que sejam ativados “os distintos mecanismos que permitam a celebração de uma eleição presidencial antecipada ainda em 2017”, por considerarem que o mandatário Nicolás Maduro rompeu com a ordem constitucional do país.

No manifesto também é pedido o reestabelecimento de um cronograma eleitoral para os comícios de governadores e prefeitos; que seja permitida a implementação de um canal humanitário para a entrada de medicamentos e alimentos; que sejam libertados os presos políticos e sejam desarmadas e desmobilizadas as “forças paramilitares”.

A MUD também pede respeito à Assembleia Nacional como “poder independente” e que sejam devolvidas a ele “as competências usurpadas pelo Governo e pelo Supremo Tribunal de Justiça”.

A aliança opositora considera que os venezuelanos foram “defraudados” por ter tido “um diálogo sem resultados, na qual a intenção governamental foi mais propagandística que substancial”.

Os Governos de oito países latino-americanos, no entanto, deram respaldo às recentes declarações do Papa Francisco sobre sua proposta para se mediar “com condições claras” a situação na Venezuela: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru, Paraguai e Uruguai

“Concordamos com o Papa Francisco de que “tudo o que se possa fazer pela Venezuela, deve ser feito, porém com as garantias necessárias”, pelo qual reiteramos que cessem os atos de violência, a plena vigência do estado de Direito, a libertação dos presos políticos, a plena restituição das prerrogativas da Assembleia Nacional e a definição de um cronograma eleitoral.

(Je com Agências)

 

 








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