Ivo Poletto: "Os biomas e a educação mobilizadora"


Cidade do Vaticano (RV) – Hoje propomos o testemunho do cientista e fundador do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, Ivo Poletto. No último dia 6 de abril, Ivo foi um dos participantes da sessão que apresentou, no Plenário do Senado Federal, a Campanha da Fraternidade 2017, seu tema "Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida" e o lema "Cultivar e guardar a criação".

Autor do livro 'Biomas do Brasil: da exploração à convivência', ele observou aos participantes que as práticas humanas, especialmente nas ultimas sete décadas, estão alterando profundamente o ambiente vital que a Terra levou 4 bilhões de anos para formar. E alertou para os riscos gerados por esse processo, a seu ver motivado pela ideia do crescimento econômico sem limites.

“Não podemos esquecer: se alteramos ou impedimos os processos vitais dos biomas, todos os seres vivos, e principalmente nós, a frágil espécie humana, morreremos antes da hora”, afirmou.

Neste depoimento, Ivo Poletto relata a sua experiência de reflexão sobre o tema em uma comunidade no Mato Grosso.

"Tive oportunidade de estar em algumas localidades para refletir sobre a temática da relação entre os Biomas e a defesa da vida, animando a Campanha da Fraternidade deste ano. Fiquei feliz ao perceber que todas as pessoas têm vontade de compreender bem essa relação, e ao mesmo tempo, que todas se sentem muito preocupadas com o que está acontecendo nos biomas do Brasil. Na verdade, todas se dão conta de que o bioma em que vivem sofreu muitas mudanças, e de que elas estão aumentando as dificuldades de viver nele.

Entre as pessoas interessadas destacam-se as dedicadas à educação. Foi o que aconteceu, por exemplo, em Porto Alegre do Norte, no Mato Grosso, num encontro realizado nos dias 30 e 31 de março. A iniciativa da Prelazia de São Félix de convidar as escolas municipais e estaduais, bem como os agentes de saúde do município e da região teve resposta animadora. O encontro já foi organizado e animado por uma equipe representativa dessas instituições, e foi pensado como parte de um processo que se estenderá até o final do ano.

Quando se tem presente o que significa dar-se conta que o bioma em que se vive tem uma longa história e foi dado de presente como um jardim vivo e fonte de vida maravilhoso e único aos seres humanos, a temática dos biomas se torna um convite apaixonante para decidir que é urgente organizar-se para cuidar do que ainda existe daquele jardim original, e para gerar iniciativas de recuperação das condições de vida que foram destruídas ou estragadas por ações humanas, no campo e nas cidades.

Mesmo contando com presença de povos humanos há mais de doze mil anos, foi a partir de 1950 que as mudanças ganharam velocidade. E hoje, depois de praticamente acabar com a cobertura vegetal da Mata Atlântica e do Cerrado, a Amazônia está sendo rapidamente agredida. E as cidades se tornaram quase depósitos dos expulsos do campo, sem cuidados com a vida, com as fontes de água e com o que contamina a atmosfera.

Por isso tudo, é urgente, sim, colocarmos escolas, igrejas, saúde pública, movimentos sociais e todas as pessoas de boa vontade a serviço da criação de consciência crítica e de ações de recuperação das boas condições de vida em todos os biomas do Brasil".

Ivo Poletto, do FMCJS








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