Da Fátima das Arábias para a Fátima de Portugal


Dubai (RV*) - Amigas e amigos, o estudo das culturas e religiões nos transporta para além das linhas do horizonte, dentro das quais construímos nossa história pessoal, familiar e comunitária. Alguns elementos estão envoltos em lendas e muitos são hauridos das tradições populares. Embora, nem sempre sejam comprovados com base científica ou histórica, não deixam de ter seus significados e verdade.

Um dos nomes mais comuns e belos com os quais chamamos nossas irmãs é Fátima. O significado de Fátima não deixa de ser interessante. Significa “desmamada”, que deixou de ser bebê, uma pessoa que sabe ouvir a intuição e não se prende às regras ultrapassadas.

O profeta fundador do Islã, Maomé, deu o nome de Fátima a uma de suas filhas, nascida no ano 605 ou 606. A moça distinguiu-se como mulher forte, esposa amorosa, educadora exemplar ao assumir sozinha a educação dos filhos após a morte do marido.

Dois episódios entristeceram Fátima, durante o tempo em que viveu em Meca: a morte da mãe e quando retirou, de cima de seu pai, o lixo atirado por um membro da tribo, hostil à sua mensagem religiosa. Pela ligação profunda com ele, Fátima sofreu muito também durante sua doença e partida definitiva.

Pelas suas virtudes religiosas, Fátima é muito venerada entre os islâmicos. Por esta razão seus devotos são chamados de “fatímidas”.

Bem antes das aparições, no século XII, os muçulmanos dominavam a Península Ibérica, mas estavam sob pressão dos cristãos que queriam vê-los fora daquela região. A tradição diz que o governador do castelo de Alcácer do Sal, chamou sua filha de Fátima, em honra da filha de Maomé. Num dos confrontos entre cristãos e sarracenos, Dom Gonçalo Hermingues encontrou-se com Fátima e dela se enamorou, casando-se logo depois. A jovem esposa se converteu ao catolicismo e foi batizada, transformando-se em cristã exemplar.

Contudo, o feliz casamento terminou prematuramente, pois Fátima faleceu ainda muito jovem. Dom Gonçalo, inconsolável em sua dor, abandonou as armas e se fez monge na abadia cisterciense de Alcobaça, onde conseguiu sepultar os restos mortais da esposa tão amada. Depois de poucos anos, a abadia fundou um mosteiro a poucos quilômetros do local e para lá enviou Dom Gonçalo como seu superior. Mais uma vez foi concedido ao ex-líder guerreiro que não se separasse dos restos de sua esposa, depositados na nova igreja da localidade, até então um local ermo, e que agora recebeu o nome de Fátima, em honra daquela que, nascida muçulmana, havia- se tornado uma exemplar esposa cristã. O mosteiro, depois de muito tempo, desapareceu, mas até hoje está de pé a pequena igreja, dedicada a Nossa Senhora, onde teria sido enterrado o corpo de Fátima.

A pequena aldeia adquiriu fama mundial a partir de 13 de maio de 1917, data em que a Virgem Maria apareceu aos pastorinhos, sendo a partir de então invocada com o título de Nossa Senhora de Fátima.

Conhecendo o passado, a tradição e a experiência dos antepassados, podemos entender melhor quem somos e em que acreditamos, bem como seu significado. Afinal, a História é a mestra da vida que nos enriquece com seu conteúdo.

*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano








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