Carta de S. Vicente, a primeira descrição do bioma Mata Atlântica


Cidade do Vaticano (RV) – Há quase três anos da canonização de José de Anchieta, volta à atualidade a sua Carta de São Vicente, escrita no litoral paulista em 1560 e considerada ‘um marco da biogeografia brasileira’.

A carta foi escrita por Anchieta aos 26 anos, a pedido de seus superiores, e é a primeira descrição da Mata Atlântica de que se tem conhecimento, detalhando a diversidade e o exotismo de nossa fauna e flora e seu uso pelos indígenas e pelos primeiros brasileiros.

A carta de São Vicente traz também informações preciosas sobre os costumes e a língua de nossos índios, sobre plantas medicinais e importantes elementos de nossa culinária.

Padre Josafá Siqueira é jesuíta como Anchieta. Reitor da Pontifícia Universidade Católica do RJ desde 2010, foi um dos idealizadores da Agenda Ambiental da PUC-Rio, lançada em 2009, e também do novo curso de graduação em Ciências Biológicas, o primeiro no Brasil com ênfase em Ciências Ambientais.

Pe. Josafá ressalta alguns aspectos de referência na Carta de São Vicente. O primeiro é a ‘visão integradora’ que o documento oferece. 

“A Carta de Anchieta é importante porque é extremamente diferente da de Pedro Vaz de Caminha; é um marco da biogeografia brasileira, porque nos dá uma visão muito integradora da realidade que ele encontrou naquele momento aqui no Brasil. Ao mesmo tempo em que ‘acorda’ para determinadas temáticas, ele nos faz questionar sobre a importância que nós temos hoje de resgatar a visão tão sistêmica e tão integradora que ele teve naquele momento”.

A Carta de Anchieta é não só um referencial para nós católicos, nem só para nós, jesuítas, ou cristãos... é uma referência mais aberta, para todos. Anchieta nos apresenta uma visão que seria o ‘ideal’ para o mundo moderno: uma visão integradora, onde as questões ambientais estão profundamente relacionadas com as questões sociais. Isto aparece fortemente na Carta. Ela permite ver que os elementos da natureza (plantas, animais, clima) estão profundamente associados aos usos e costumes dos povos tradicionais, indígenas”.

“Anchieta foi extremamente feliz, neste sentido, na visão integradora que pôde realmente mostrar o quanto é importante termos uma relação mais proximal com a Criação, no conceito mais cristão da palavra”. 

Ouça acima a entrevista completa.








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