Cardeal Zenari: quem não acredita no inferno, vá à Síria


Damasco (RV) – “Não existem palavras para descrever o sofrimento do povo sírio”. Foi o que afirmou com amargura o Cardeal Mario Zenari, Núncio Apostólico em Damasco, após a Santa Missa celebrada no sábado (25/03) em Roma para a tomada de posse da paróquia romana de Santa Maria das Graças “alle Fornaci”. A Rádio Vaticano estava  lá.

Em sua homilia, o purpurado exortou a viver “com humildade” e a ser “filhos da luz” para contrastar “a indiferença”, “a aparência”, vivendo com o coração e os olhos orientados a Cristo. E assim, apreciar “o dom da vida”, “dos afetos” e ser capazes de perceber o outro  e de como nos amamos.

O pensamento, a compaixão do Núncio então, como “o grito de compaixão de Jesus”,  dirigiu-se à Síria, dilacerada há seis anos por uma guerra sem regras:

“400 mil mortos; dois milhões de feridos, entre os quais muitos mutilados; cerca de cinco milhões de refugiados em países fora da Síria; mais de seis milhões de deslocados internos; mais de 600 mil sitiados sem possibilidade de acesso às ajudas humanitárias. Milhares de crianças mortas sob os bombardeios: feridos, mutilados, dilacerados no corpo e na alma. Uma verdadeira tragédia dos inocentes”.

“O Papa está  sempre informado sobre o que acontece na Síria – disse Dom Zenari após a celebração, ao ser interpelado por jornalistas. Ele gostaria de ir”, mas isto colocaria todos em perigo:

“Ele está pronto para ir, mas a questão é que não pode se não existe um mínimo de segurança, quer para ele, e sobretudo para as pessoas, porque se o Papa vai à Síria, não poderá permanecer na Nunciatura. Deve encontrar as pessoas, deve encontrar as multidões. E vemos também em Damasco o que está acontecendo com os kamikazes! E o Papa não pode assumir esta responsabilidade se acontece algum incidente do gênero. É necessário dizer a ele para esperar um pouco, precisamente para a segurança de todos, não somente a sua, mas dos fiéis. Porque aquilo que vemos, esta explosão dos kamikazes: 70, 40 mortos...Um banho de sangue!”.

“Não sei como descrever estas atrocidades”, prosseguiu:

“Quem paga a conta é a gente simples, as pessoas inocentes, civis: mulheres, crianças. Realmente é uma guerra horrível, horrível! Eu digo sempre: “Quem não acredita no inferno, basta que vá até lá e se dará conta do que é o inferno”.

O Cardeal, então, exortou a comunidade internacional a realizar maiores esforços para construir a paz no país e ajudar a população, e solicitou à opinião pública para exercer pressões sobre os governos:

“A opinião pública deve pressionar seus vários governos, porque um grande perigo é que estes dramas sejam pouco a pouco esquecidos”.

Falando após desta “ponte” criada com a tomada de posse da Paróquia, dos Trinitários, de Santa Maria das Graças “alle Fornaci”, Dom Zenari manifestou a certeza de que as orações desta comunidade acompanharão o seu caminho e aquele do povo sírio. (MM/JE)








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