Papa agradece a Pe. Michelini pela pregação dos Exercícios espirituais


Ariccia (RV) - Os Exercícios espirituais da Quaresma propostos ao Papa e à Cúria Romana chegaram ao final na manhã desta sexta-feira (10/03) com a nona meditação feita pelo pregador do Retiro, Pe. Giulio Michelini.

Tomando a palavra após a meditação que teve como tema “O túmulo vazio e a Ressurreição” segundo o Evangelho de São Mateus, o Pontífice agradeceu ao frade menor pela naturalidade e a preparação com a qual os guiou na reflexão fazendo-lhe votos de que, sobretudo, continue sendo um bom frade.

A página final de Mateus, a da Ressurreição – que esteve no centro da reflexão desta sexta-feira –, é finalmente uma página de respiro que revela o mistério cristão, comentou Pe. Michelini.

Após a dor e a Paixão não se encontra o fim, mas um novo início, que é a Ressurreição. Mas como anunciá-lo ao homem de hoje?

Àquele homem que se mostra ainda emblematicamente como o protagonista da história de Franz Kafka nas Metamorfoses, Gregor Samsa, que acorda um dia transformado em inseto, sozinho, fechado em si mesmo, ansioso e sem laços de afeto com a família? É preciso partir novamente de Jesus homem e da sua mensagem:

“A Ressurreição indica uma novidade real de Cristo em relação ao Jesus histórico, claro; o seu corpo é um corpo pós-pascal. Mas é uma novidade que é antecipada nos sinais históricos de Jesus pré-pascal. E onde quero chegar, com esta minha tentativa de resposta? Que quando ouvimos dizer que ressuscitou, podemos partir novamente do homem Jesus, de Jesus da Galileia, cuja mensagem é de libertação do homem.”

Portanto, uma mensagem de libertação para o homem de hoje que pode chegar até ele mediante dois caminhos, ambos ressaltados e ilustrados pelo Papa Francisco: o empenho cultural no aprofundamento das Escrituras e em sua nova explicação e o caminho da caridade.

“Esforçar-nos para entender melhor aquilo que os 27 Livros do Novo Testamento, e os outros Livros do Antigo Testamento querem dizer, e para que possamos explicá-los novamente, mediante – naturalmente – a vida da Igreja, a Liturgia, a homilia que é o centro de tantos números da Evangelii Gaudium, mas através também do empenho cultural. Mas outro caminho, se pudéssemos abrir o quarto onde Gregor Samsa está trancado, é o da caridade. Se Gregor Samsa ao invés de ficar ali, num esquálido quarto fechado – entenderam? Quero dizer: é um túmulo! –, se fosse socorrido por alguém, teria reencontrado a sua humanidade. Ao invés de inseto, talvez tivesse podido reconhecer algum traço de seu corpo humano.”

No Evangelho segundo São Mateus o anúncio da Ressurreição é dado pelo Anjo. O frade menor partiu daí para ressaltar que não basta o túmulo vazio, deve-se falar da Ressurreição, a mensagem de Cristo Ressuscitado deve ser anunciada.

As palavras de Mateus evidenciam também outra dimensão da Ressurreição, o perdão. Jesus Ressuscitado quer encontrar os onze discípulos e os chama de “irmãos”, perdoou-os por tê-lo abandonado; e os encontra na Galileia, “prostrados” e, ao mesmo tempo, “cheios de dúvidas”.

No entanto, aproxima-se deles, e a narração de Mateus conclui-se com as palavras: “Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”. Verdadeiramente, concluiu Pe. Michelini, este é o “modo de fazer de Deus”, cuja Palavra é “capaz de iluminar nossos limites e transformá-los em oportunidade”:

“O Pai de Jesus Cristo aproximou-se de nós através de sua Palavra e o seu Filho que, de fato, no Evangelho segundo São Mateus é chamado ‘Emanuel’, o Deus-conosco. E o Evangelho de Mateus termina assim: ‘Eu estarei convosco, Emanuel, até o fim dos tempos’. Trata-se do maior recurso que temos, apesar das nossas dúvidas e da nossa parte ruim e dos nossos pecados.” (RL/GC)








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