Encontro histórico no Vaticano: Alabardeiros de Monza e Guarda Suíça


Cidade do Vaticano (RV) - O dia 26 de abril testemunhará um encontro histórico no Vaticano. Pela primeira vez, os dois únicos Corpos de Guarda da Igreja - a Guarda Suíça e os Alabardeiros de Monza (Corpo Alabardieri del Duomo di Monza) - estarão lado a lado, durante a Audiência Geral.

"É um acontecimento histórico. Pela primeira vez os únicos Corpos armados da Igreja se encontrarão", afirma Giorgio Villa, 72 anos, ex-empreendedor e há quatro anos Comandante do Corpo dos Alabardeiros de São João. A expectativa pelo encontro é grande, como contou ao Corriere della Sera-Milão:

"Devemos aprontar as divisas, pois as nossas remontam aos tempos de Maria Teresa da Áustria e tem as mesmas cores daquelas dos guardas suíços. Faremos algum ensaio de marcha, depois, temos que preparar a expedição dos alabardes e das espadas. Já conseguimos a permissão da Prefeitura para serem transportadas de Monza a Roma e  para fazê-las entrar em São Pedro. Nós, pelo contrário, iremos de trem com as nossas divisas".

O Corpo de Guarda de Monza deverá se apresentar no Vaticano às 8 da manhã do dia 26. Vestidos com seus uniformes, e usando espada e alabarde, estarão ao lado do Santo Padre durante a Audiência Geral das Quartas-feiras. "Pela primeira vez, prestaremos serviço ao lado da Guarda Suíça", diz Giorgio, sem esconder a emoção.

"A Guarda Suíça é conhecida em todo o mundo. Infelizmente - observa -  os alabardeiros de Monza têm uma história antiguíssima, mas são pouco conhecidos mesmo entre os próprios moradores de Monza, salvo aqueles que frequentam as celebrações no Duomo. Somos um grupo de vinte voluntários, mas buscamos sempre novos recrutas".

Assim como o é para a Guarda Suíça,  também para ser alabarde existem algumas exigências. Pelo Estatuto, o recruta "deve ter entre 20 e  40 anos, de comprovada fé católica e cidadania italiana".

Quem demonstra interesse em entrar no Corpo de Guarda, passará por uma entrevista do comitê de seleção que, com voto secreto, decidirá pela admissão ou não do candidato.

A cerimônia de juramento realiza-se sempre em 23 de junho e o primeiro serviço é prestado no dia sucessivo, por ocasião do dia de São João.

Giorgio Villa conta que o primeiro documento escrito que testemunha a existência dos Alabardeiros remonta a 1700. No entanto, um Edito de Maria Teresa da Áustria, da metade do século XVIII, afirma que o Corpo existe "desde tempos imemoráveis".

De qualquer maneira, a história dos Alabardeiros está intimamente ligada ao Duomo de Monza. Nasceram como guardas pessoais da Rainha Teodolinda, no século VI, e como guardiões do tesouro custodiado no, inicialmente Oraculum e mais tarde Duomo, por ela mandado construir às margens do Rio Lambro.

Atravessam os séculos como custódios dos tesouros que a Basílica de São João Batista preserva em seu interior.

Os Alabardeiros inserem-se, provavelmente, entre os tantos privilégios concedidos ao Diácono custódio do Duomo (depois Arcipreste a partir do ano 879) por Papa, Imperadores e Reis, que se sucederam ao longo da história.

Estão sob as ordens do Arcipreste do Duomo que, junto com o Vaticano e a Guarda Suíça,  é a única Igreja no mundo a dispor de guardas armados durante as sacras funções mais importantes, somando doze Alabardeiros mais um Chefe, todos vestindo uniformes desenhados no século XVIII, tecido azul bordado em ouro e armados de espada e alabarde.

Alabarda: antiga arma composta de longa haste, que é rematada por peça pontiaguda de ferro, atravessada por lâmina em forma de meia-lua. (Houaiss)

(JE/Corriere della Sera/Milan)








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