I Encontro Iberoamericano de Teologia: declaração conclusiva


Boston (RV) – “Somente uma instituição espiritualmente mais evangélica, teologicamente mais coerente e pastoralmente mais aberta à diversidade sociocultural e religiosa, será capaz de corresponder ao desafio de trabalhar pela justiça, a paz e o cuidado pela casa comum, com uma verdadeira atenção pelos mais pobres e pelos excluídos do nosso tempo”.

Esta é uma das passagens conclusivas da Declaração de Boston, o documento elaborado ao final do I Encontro Latino-americano de Teologia, que nos dias passados reuniu na capital de Massachusetts, nos Estados Unidos, dezenas de estudiosos e especialistas latino-americanos “com espírito ecumênico, inter-religioso, intercultural, inclusivo e solidário”.

Uma importante ocasião de reflexão e de discernimento dos “novos sinais dos tempos”, no âmbito do “impulso de renovação” trazido pelo Papa Francisco à Igreja e ao estudo teológico.

A Declaração, além de reiterar a importância, em visão evangélica, da opção preferencial pelos pobres, sublinha a necessidade de evidenciar as “periferias” do planeta precisamente como “lugares teológicos” nos quais a Igreja é chamada a acompanhar o povo de Deus.

O documento assinado pelos coordenadores do encontro – os venezuelanos Rafael Luciani e Félix Palazzi e os argentinos Carlos María Galli e Juan Carlos Scannone – foi subscrito por outros trinta participantes, entre teólogos e teólogas, como Virginia Raquel Azcuy, Víctor Codina, José Ignacio González Faus, Gustavo Gutiérrez, Gilles Routhier, Jon Sobrino, Gabino Uríbarri.

O texto inicia afirmando a necessidade de um “discernimento” que permita colocar-se como crente diante das questões sociais da nossa época, caracterizada por sistemas de exclusão e de desigualdade.

“A América Latina e o Caribe – afirma-se – não são as regiões mais pobres em termos econômicos, mas permanece a maior desigualdade”. A causa é identificada por uma “distribuição desigual” dos ganhos e das oportunidades, com uma “disparidade de propriedades privadas na concentração da terra, que gera riqueza para poucos e pobreza para muitos”.

Neste contexto, a necessidade de uma “teologia profética” capaz de compreender a realidade e de fazer um discernimento crítico também em relação às novas correntes de cunho “neopopulista” que estão emergindo em diversos países americanos.

Disto, também o destaque à abordagem dada à reflexão teológica pelos estudiosos latino-americanos, reconhecendo a importância, quer do ponto de vista numérico, como sociocultural, do uso dalíngua espanhola, no contexto do catolicismo mundial.

O documento sublinha, com particular ênfase, a “gravidade” do atual momento histórico que “solicita uma presença mais viva entre as nossas comunidades” e reconhece “a urgência de colaborar com a pastoral e a teologia do Papa Francisco”.

Neste sentido, é destacado que “a teologia deve imbuir-se de uma misericórdia que mostre o Evangelho e promova uma Igreja pobre e dos pobres, onde eles sejam sujeitos da própria história e nunca objetos de manipulação ideológica”.

O documento também analisa criticamente os processos de globalização e salienta a gestão dos “fenômenos migratórios, a precariedade do trabalho e a falta geral de oportunidades oferecidas pelos sistemas que não assumem a causa dos pobres”.

Neste sentido, é sublinhado que a nova fase mundial em que entramos é chamada por alguns de “desglobalização”. Todavia – é a ressalva – “nós acreditamos que os imigrantes são um grande sinal de nosso tempo”. Neles, “os cristãos são chamados a reconhecer a face e a vos de Jesus”.

(L’Osservatore Romano – JE)

 

 

 

 








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