O Espírito Santo na atualidade da Igreja pós-Conciliar


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar sobre o Espírito Santo na atualidade da Igreja pós-conciliar.

Nós temos dedicado nossos últimos programas à valorização da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade - o Espírito Santo, após o Concílio Vaticano II, como fruto deste, tema das pregações de Advento do Frei Raniero Cantalamessa. Na intuição de João XXIII, o Concílio representaria um "novo Pentecostes para a Igreja". 

No programa de hoje, o Padre Gerson Schmidt nos fala sobre o Espírito Santo na atualidade da Igreja pós-conciliar:

“Frei Raniero Cantamessa disse nas últimas pregações de Advento que a maior novidade do pós-Concílio, na teologia e na vida da Igreja, tem um nome específico: o Espírito Santo. O Credo Niceno-Constantinopolitano reflete a fé cristã na sua fase final, depois de todos os esclarecimentos e as definições conciliares, concluídas no século V. No credo atual, parte-se de Deus Pai e criador, dele passa-se ao Filho e à sua obra redentora, e, por fim, ao Espírito Santo atuante na Igreja. O movimento deveria ser inverso. Na verdade, a fé seguiu o caminho oposto.

Foi a experiência Pentecostal do Espírito que levou a Igreja a descobrir quem era realmente Jesus e qual havia sido o seu ensinamento. Com Paulo e especialmente com João, se chega a subir de novo de Jesus ao Pai. É o Paráclito que, como prometido por Jesus (João 16, 13), conduz os discípulos à "verdade plena" sobre Ele e o Pai.

São Basílio de Cesareia resumiu nestes termos o desdobramento da revelação e da história da salvação: "O caminho do conhecimento de Deus procede do único Espírito, através do único Filho, até o único Pai; inversamente, a bondade natural, a santificação, a dignidade real, se difundem pelo Pai, por meio do Unigênito, até o Espírito¹”.

Em outras palavras, na ordem da criação e do ser, tudo parte do Pai, passa pelo Filho e chega a nós no Espírito; na ordem da redenção e do conhecimento, tudo começa com o Espírito Santo, passa pelo Filho Jesus Cristo e retorna ao Pai. Podemos dizer que São Basílio é o verdadeiro iniciador da teologia do terceiro artigo – a do Espírito Santo! Na tradição ocidental tudo isso é expresso de forma sucinta na última estrofe do hino Veni Creator. Dirigindo-se ao Espírito Santo, a Igreja reza dizendo:

“Faça que por meio de ti conheçamos o Pai, que conheçamos ao mesmo tempo o Filho e em ti que es o Espírito de ambos creiamos firmemente hoje e sempre” (Veni Creator).

Isso de forma alguma significa que o Credo da Igreja não seja perfeito ou que deva ser reformado. Ele só pode ser assim do jeito que é. É a maneira de lê-lo que, por vezes, é útil mudar, para refazer o caminho com o qual se formou.

Entre as duas formas de utilizar o credo – como um produto realizado, ou no seu próprio fazer-se –, existe a mesma diferença de fazer pessoalmente, no início da manhã, a escalada do Monte Sinai partindo do mosteiro de Santa Catarina, ou ler a narração de alguém que fez a escalada antes de nós.

Cantalamessa faz um comentário ao “terceiro artigo”, nas três meditações de Advento, propondo reflexões sobre alguns aspectos da ação do Espírito Santo, partindo precisamente do terceiro artigo do credo que lhe diz respeito. Este compreende três grandes afirmações: 1. “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida”. 2. “... e procede do Pai (e do Filho) e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”. 3. "... e falou pelos profetas". Na próxima oportunidade aprofundamentos essas três afirmações, comentadas por Cantalamessa”.

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[1] Basilio di Cesarea, De  Spiritu Sancto XVIII, 47 (PG 32 , 153).








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