Editorial: Semente dos cristãos


Cidade do Vaticano (RV) - No início da semana o Papa Francisco, durante a celebração eucarística na Capela da Casa Santa Marta, voltou a falar sobre os mártires do nosso tempo e sobre as Igrejas perseguidas. Recordou que são os mártires que levam avante a Igreja, “são os que a amparam, que a ampararam no passado e a amparam hoje. E hoje existem mais mártires do que nos primeiros séculos”.

Os meios de comunicação não chamam a atenção para esse drama de hoje, porque não faz notícia, mas mesmo sem os holofotes da mídia os cristãos continuam sendo perseguidos, insultado, presos, mortos. Francisco voltou a recordar que “há muitos nas prisões, somente por carregar uma cruz ou por confessar Jesus Cristo!” Esta é a gloria da Igreja também a nossa humilhação: nós que temos tudo, tudo parece fácil para nós e se nos falta alguma coisa reclamamos... “Mas pensemos nesses irmãos e irmãs que hoje, num número maior do que nos primeiros séculos, sofrem o martírio!”, exaltou o Papa. 

Os cristãos são chamados a testemunhar o amor de Cristo. Nos dias passados Francisco aproveitou a ocasião de um encontro com a Comissão de diálogo entre católicos ortodoxos orientais para mostrar mais uma vez a sua proximidade aos muitos cristãos que hoje sofrem por causa dos fundamentalismos.

Estamos conscientes de que situações de tanto sofrimento se enraízam mais facilmente em contextos de pobreza, injustiça e exclusão social, devido também à instabilidade gerada por interesses de parte, frequentemente externos, e de conflitos precedentes, que produziram condições de vida miseráveis, desertos culturais e espirituais nos quais é fácil manipular e instigar ao ódio.

Um dado de fato é que todos os dias as Igrejas cristãs estão próximas ao sofrimento e são chamadas a semear concórdia e a reconstruir pacientemente a esperança, confortando com a paz, uma paz que juntos, todas as Igrejas devem oferecer a um mundo ferido e dilacerado.

Recordando São Paulo: “se um membro sofre, todos os membros sofrem juntos”.

Outra afirmação é que nos dias de hoje temos tantos mártires, que de modo corajoso testemunham Cristo, revelando o coração da nossa fé. Uma fé que não consiste em uma genérica mensagem de paz e reconciliação, mas em Jesus mesmo, crucificado e ressuscitado. “Ele é a nossa paz e a nossa reconciliação”.

Nosso Papa Francisco sublinha frequentemente que como discípulos de Cristo “somos chamados a testemunhar em todos os lugares e situações, com a força cristã, o Seu amor humilde que reconcilia o homem em todas as épocas”. Onde violência chama violência e violência semeia morte, a nossa resposta é o puro fermento do Evangelho, que sem entrar na lógica da força, faz brotar frutos de vida também em terras áridas e alvoradas de esperança depois de noites de terror.

Francisco ousou dizer dias atrás: “uma Igreja sem mártires é uma Igreja sem Jesus”. Nos primeiros séculos da Igreja um antigo escritor dizia, e vale ainda para os dias de hoje: “O sangue dos cristãos, o sangue dos mártires, é semente dos cristãos.” (Silvonei José)








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