2017-01-19 15:24:00

Unidade dos cristãos nos 500 anos da reforma Luterana


Neste “Sal da Terra, Luz do Mundo”, destacamos a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que está a decorrer de 18 a 25 de janeiro e que este ano evoca os 500 anos da reforma luterana.

Caminhar juntos para a reconciliação

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2017 evoca os 500 anos da reforma protestante iniciada por Martinho Lutero. O documento de reflexão foi preparado e publicado em conjunto pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos e a Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas e tem como tema central a reconciliação.

O Papa Francisco e Munib Yunan, presidente da Federação Luterana Mundial, na segunda-feira dia 31 de outubro de 2016, assinaram em Lund na Suécia uma Declaração Conjunta Luterano-Católica nos 500 anos da Reforma que se celebram neste ano de 2017.

Recordamos que foi em 1517 que o monge alemão agostiniano e professor de teologia, Martinho Lutero, publicou as suas “95 teses”, provocando uma rutura entre várias comunidades cristãs, até então ligadas à Igreja Católica.

Destacamos aqui as palavras de Francisco na Oração Ecuménica em Lund no dia 31de outubro:

“Nós católicos e luteranos, começamos a caminhar juntos pela senda da reconciliação. Agora, no contexto da comemoração comum da Reforça de 1517, temos uma nova oportunidade para acolher um percurso comum, que se foi configurando ao longo dos últimos 50 anos no diálogo ecuménico entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica. Não podemos resignar-nos com a divisão e o distanciamento que a separação gerou entre nós. Temos a possibilidade de reparar um momento crucial da nossa história, superando controvérsias e mal-entendidos que impediram frequentemente de nos compreendermos uns com os outros”.

“Sem dúvida, a separação foi uma fonte imensa de sofrimentos e incompreensões, mas ao mesmo tempo levou-nos a tomar consciência sinceramente de que sem Ele, nada podemos fazer, dando-nos a possibilidade de compreender melhor a nossa fé. Com gratidão reconhecemos que a Reforma contribuiu para dar maior centralidade à Sagrada Escritura na vida da Igreja. Através da escuta comum da Palavra de Deus nas Escrituras, o diálogo entre a Igreja católica e a Federação Luterana Mundial, cujo cinquentenário celebramos, deu passos importantes.”

Nesta significativa oração ecuménica na Catedral Luterana de Lund foi assinada uma Declaração Conjunta para assinalar a comemoração luterano-católica dos 500 anos da Reforma. Assinaram a Declaração o Papa Francisco e o Presidente da Federação Luterana Mundial, o Reverendo Munib Younan. Uma Declaração introduzida pelas seguintes palavras do Evangelho de S. João: “Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em Mim” (Jo. 15, 4).

O Encontro Europeu de Riga da Comunidade de Taizé

Uma das maiores experiências de procura de caminhos de unidade entre os cristãos na atualidade tem sido aquela proposta pela Comunidade de Taizé, comunidade monástica internacional que fez 75 anos em 2015.

Uma das suas grandes realizações anuais e que sempre temos noticiado com grande destaque nos nossos programas é o Encontro Europeu que reúne dezenas de milhares de jovens em oração nos dias de passagem de ano numa grande cidade europeia. Este ano foi em Riga na Letónia e portugueses foram mais de uma centena.

O padre Nuno Antunes, pároco do Bonfim na diocese do Porto em Portugal, também esteve em Riga e, tal como já aconteceu noutras ocasiões, também desta vez se disponibilizou para falar à Rádio Vaticano sobre esta experiência espiritual de unidade entre os cristãos.

Este sacerdote é assistente espiritual dos escuteiros da cidade do Porto e assistente diocesano do Renovamento Carismático e contacta com a Comunidade de Taizé há cerca de 17 anos. Já esteve 8 vezes em Taizé e participou em 14 encontros europeus. À reportagem da Rádio Vaticano sublinhou que no Encontro Europeu de Riga viveu com outros portugueses uma verdadeira experiência de comunhão entre católicos e luteranos. Eis o seu depoimento:

“Tivemos a oportunidade de ficar numa paróquia onde os trabalhos de grupos foram feitos e divididos pela paróquia católica onde, por acaso, eu estava e por uma igreja luterana que ficava a 200 metros da igreja católica. E o giro foi que eles tinham preparado em conjunto o acolhimento aos jovens que viessem participar no encontro. Quer o acolhimento feito pelas famílias nas suas casas, quer depois o trabalho concreto que se faz em cada encontro: trabalhos de grupos e orações. Tudo isso foi programado, preparado e elaborado em conjunto e depois resultou muito bem, foi um espaço muito bom. Nós encontrávamo-nos de manhã na igreja para rezar e depois eramos divididos em grupos que iam para as salas da igreja luterana e para as salas da igreja católica e partilhávamos o mesmo ideal, a mesma fé, a mesma experiência de Jesus.”

“ A este nível é muito fácil. Ao nível do encontro dos crentes é muito fácil e está feito. E a comunidade de Taizé é o exemplo disso. As pessoas já vivem essa experiência pouco importadas se são católicas, anglicanas, luteranas ou calvinistas. As pessoas são cristãs seguem Jesus Cristo e vivem a sua diferença eclesial sem problema nenhum de a viver em conjunto uns com os outros. Isto em Taizé é um dado adquirido há muitos anos. Como eu digo a este nível é fácil viver a unidade. Depois ao nível das instâncias que têm que pensar a teologia, ou que têm que pensar os poderes (é tudo uma questão de poderes) aí se calhar vai ser mais difícil, ou vai continuar a ser difícil porque é muito difícil abdicar do poder, é muito difícil deixar de pensar em função do poder adquirido. Há um longo caminho a caminhar, mas não faz mal. O importante é que os crentes continuem unidos e a trabalhar em conjunto, a viver em conjunto e a rezar em conjunto e a ser cristãos em conjunto porque isto cada vez vai ser a marca mais importante, não apenas na sociedade europeia mas também nesta sociedade mais ou menos global.”

“ Deixarmos… Deixarmo-nos possuir pelo Espírito que quer de facto unir-nos e a seguir dar alguns passos que o signifiquem diante das comunidades, dos crentes. Pelo menos que se esbatam as hostilidades. Porque ainda há muitos lugares onde a hostilidade é séria. Como se estivéssemos a falar de um outro Deus e Senhor. Como se estivéssemos ainda a falar de uma outra realidade que não o seguimento e a entrega ao coração amoroso de Jesus, ao modo intenso e profundo de seguir o mesmo Jesus que nós queremos seguir e a quem nós queremos amar.”

“Os que participam nos encontros e já foram vários jovens daqui da comunidade, ficam com uma outra visão, uma outra perspetiva, não apenas daquilo que é a comunidade, mas no modo de ser Igreja que Taizé lhes proporciona. E isso em termos de formação e de pensamento sobre a realidade eclesial, seja na comunidade do Bonfim seja noutra comunidade qualquer, é muito importante.”

Era o padre Nuno Antunes, pároco do Bonfim na diocese do Porto em Portugal que esteve em Riga na Letónia no Encontro Europeu de Taizé.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos decorre de 18 a 25 de janeiro e este ano evoca os 500 anos da reforma protestante.

“Sal da Terra, Luz do Mundo”, é aqui na Rádio Vaticano em língua portuguesa.

(RS)








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