Presidente dos bispos venezuelanos faz apelo ao diálogo social


Caracas (RV) - O arcebispo de Cumaná e presidente do Episcopado da Venezuela, Dom Diego Rafael Padrón Sánchez fez um convite, ou melhor, um premente apelo a todos – governo, oposições e forças sociais do país – a “desarmar os espíritos” e a, sem temor, tomar o caminho árduo, mas obrigatório do diálogo.

Situação social jamais tão grave nos últimos 50 anos

Abrindo no sábado (07/01) os trabalhos da plenária dos episcopado venezuelano, o prelado ilustrou o caminho recente da Igreja local, que registrou, em primeiro lugar, a recepção do magistério do Papa Francisco e do Evangelho da misericórdia e em perspectiva uma sempre maior valorização do laicato, reporta o jornal vaticano “L’Oservatore Romano”.

O presidente dos bispos venezuelanos deteve-se, sobretudo, sobre a difícil situação social do país, jamais tão grave nos últimos 50 anos. O ano 2016 concluiu-se com um “saldo vermelho em todos os sectores”, enfatizou.

Mais de 120 prisioneiros políticos “injustamente e ilegalmente detidos”

Quase 29 mil mortes violentas, a fome e a falta de alimento que produzem somente sofrimentos e subnutrição, carência crônica de medicamentos que provoca mortes e a difusão de epidemias.

E ainda, numa fotografia tenaz da realidade, mais de 120 prisioneiros políticos “injustamente e ilegalmente detidos”, a corrupção difusa, o “ataque sistemático” à mídia independente, a tentativa de ignorar a assembleia nacional, o fechamento do percursos eleitoral, a crise financeira que cria ânsia e incerteza na população, sobretudo a mais pobre.

Erra quem denigre o diálogo como método de resolução dos conflitos

O recente “falimento” da mesa do diálogo, que justamente havia despertado esperanças em todos os setores do país, cria ulterior preocupação.

“Imperaram os discursos e as promessas”, disse o prelado ressaltando que cada uma das partes em causa, infelizmente, considerou o diálogo como uma “simples estratégia política”, por isto “útil não para resolver os grandes conflitos que atingem a todos, mas as próprias finalidades”.

Em suma, a responsabilidade pelo falimento não reside no “mecanismo do diálogo” ou no comportamento dos chamados “facilitadores” do processo de paz.

Aliás, para o arcebispo venezuelano quem denigre o diálogo, como método de resolução dos conflitos, comete “um erro político, estratégico” e, antes disso, revela uma “falta de compreensão daquilo que é o ser do homem, a negação do significado e do valor da relação humana baseada na palavra partilhada”.

O presidente do episcopado venezuelano expressou a convicção de que, todavia, mais cedo ou mais tarde, “os líderes políticos, para tirar o país da crise que o está destruindo, em nome da democracia, deverão recorrer ao diálogo, à negociação e aos acordos”.

Esses são os “antídotos contra a irracionalidade da força, a corrupção e a violência, símbolos por excelência dos piores males desta sociedade”. (L’Osservatore Romano - RL).








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