Editorial: Construir um ano de paz


Cidade do Vaticano (RV) – Estamos concluindo mais um ano. Um ano para muitos, difícil, triste, até mesmo sem esperança. Tivemos no Brasil momentos que sacudiram a nossa consciência. Muitos desses momentos derivados das crises que envolveram o nosso país, sejam elas, políticas, sociais, ou econômicas. Momentos de tristeza, como o trágico evento da Chapecoense, que fez com que um país inteiro chorasse junto. Um ano difícil, mas que certamente, - apesar de muitos não vislumbrarem a luz no fim do túnel -, foi um ano de grandes aberturas mentais, de grandes participações e aspirações. Um ano de movimento. O Brasil de certo modo se movimentou: o povo não ficou indiferente, saiu às ruas, de um lado ou de outro, para exprimir seus desejos e opiniões. Somos um país vivo, mais do que nunca.

O novo ano está chegando e com ele novos momentos a serem construídos em prol de um bem comum; um bem comum que há muito se perdeu no emaranhado de discursos estéreis.

Vivemos momentos difíceis dentro do nosso “Gigante”, mas o nosso olhar deve ser de esperança para um horizonte melhor, mas também deve se dirigir para outras realidades, para um mundo despedaçado onde se combatem outras realidades, “outras guerras em pedaços”.

Neste mundo fragmentado todos nós somos chamados a construir, dentro e fora de casa, um mundo livre da violência, um mundo de paz e concórdia.

Na sua mensagem para este 1º de janeiro, 50º Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco centraliza sua atenção precisamente sobre a não-violência, com o tema, “A não-violência: estilo de uma política de paz”. Francisco volta fazer um apelo em favor do desarmamento e da abolição das armas nucleares, assegurando o compromisso da Igreja Católica em favor da paz.

“Que sejam a caridade e a não-violência” a nos guiarem nas relações interpessoais como também naquelas sociais e internacionais”, escreveu o Papa. Palavras que caem como uma luva na nossa realidade brasileira e que interpelam as pessoas de boa vontade.

Francisco reconhece com amargura que, após o último século devastado por duas guerras mundiais terríveis, hoje estamos vivendo “uma terrível guerra mundial em pedaços”. Esta violência, “em pedaços” provoca enormes sofrimentos: do terrorismo aos ataques armados imprevistos, dos abusos sobre migrantes à devastação do meio ambiente. Tudo o que se consegue com isso – adverte o Papa -, é uma espiral de “conflitos letais” dos quais se beneficiam somente poucos senhores da guerra.

Diante deste dramático cenário, Francisco recorda que a “violência não é a cura para o nosso mundo despedaçado”.

Uma atenção também para a família, primeiro lugar onde se pode experimentar “a alegria do amor” e percorrer o caminho da não-violência. É urgente que dentro da família a alegria e o amor se propaguem ao mundo e se irradiem por toda a sociedade.

Neste novo ano o olhar, mais do que nunca é para a construção da paz. Construção da paz através da não-violência, do diálogo, da esperança que brota do desejo de um mundo melhor, de um país melhor, de uma cidade melhor, de uma “casa comum melhor”. Um programa e um desafio para os líderes políticos e religiosos, para governantes e pessoas comuns. Um desafio para mim e para você, de construir um ano de paz.

A redação do Programa Brasileiro da Rádio Vaticano deseja a todos os ouvintes, leitores e amigos, votos de um Feliz Ano Novo, na esperança de que a paz trazida pelo Menino que nasceu em Belém, seja uma realidade em cada dia dos 365 novos dias de 2017. (Silvonei José)








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