2016-12-30 08:56:00

Semana do Papa Especial Natal


Nesta “Semana do Papa Especial Natal” fazemos uma síntese das principais mensagens, atividades e celebrações do Santo Padre neste início do Tempo de Natal.

Não à loucura homicida

Começamos esta nossa rubrica pelo atentado terrorista que manchou o Natal na Europa: o ataque a um mercado de Natal em Berlim, na Alemanha, perpetrado por um grupo ligado ao auto proclamado Estado Islâmico. Um atentado que aconteceu na segunda-feira dia 19 de dezembro e que provocou doze mortos e dezenas de feridos.

O Papa Francisco, através de um telegrama assinado pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, manifestou o seu pesar pelas vítimas do atentado dizendo que foi com “profunda comoção” que soube do “terrível ato de violência ocorrido em Berlim, no qual, além do considerável número de feridos, muitas pessoas encontraram a morte” – disse o Santo Padre numa mensagem endereçada ao Arcebispo de Berlim, Heiner Koch.

Francisco afirmou neste telegrama a sua proximidade no sofrimento e no luto dos familiares das vítimas e assegurou a sua oração dizendo que “confia os falecidos à misericórdia de Deus, suplicando a Ele também a cura dos feridos”.

Nesta mensagem, o Papa Francisco uniu-se a todos os homens de boa vontade que se empenham “para que a loucura homicida do terrorismo não encontre mais espaço no nosso mundo”.

12 critérios para a Reforma da Cúria

Na quinta-feira dia 22 de dezembro o Papa Francisco encontrou-se na Sala Clementina no Vaticano com os seus colaboradores da Cúria Romana. Esta audiência é uma tradição e uma ocasião para a troca de votos natalícios.

No seu discurso o Santo Padre destacou as “prescrições” que devem ser seguidas na Reforma da Cúria que está em curso na Santa Sé.

Francisco recordou que nos encontros natalícios anteriores tinha abordado as “doenças” e as “virtudes” respetivamente em 2014 e 2015. Desta vez, o Papa falou dos tratamentos necessários para a Reforma. Uma Reforma que não tem uma finalidade meramente estética – disse o Papa:

“A reforma não tem uma finalidade estética, como se se quisesse tornar mais bela a Cúria; nem se pode entender como uma espécie de lifting, ou de maquilhagem para embelezar o idoso corpo curial, e nem mesmo como uma operação de cirurgia plástica para tirar as rugas.  Caros irmãos, não são as rugas que se devem temer na Igreja, mas as manchas!”

Os 12 “critérios” para a reforma da Cúria Romana propostos pelo Papa são os seguintes: individualidade, pastoralidade, missionariedade, racionalidade, funcionalidade, modernidade, sobriedade, subsidiariedade, sinodalidade, catolicidade, profissionalismo e gradualidade.

O Papa sublinhou no seu discurso as medidas que já foram tomadas na Reforma da Cúria: no IOR, Instituto para as Obras de Religião, no Comité de Segurança Financeira da Santa Sé, na Autoridade de Informação Financeira, na Comissão para a Tutela de Menores.

Francisco destacou ainda a criação da Secretaria para a Economia e da Secretaria para a Comunicação e, em particular, a instituição de dois novos dicastérios: o Dicastério para Leigos, Família e Vida e o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral.

No Menino Jesus a interpelação das crianças migrantes

Sábado, 24 de dezembro, Missa da Noite de Natal com o Papa Francisco na Basílica de S. Pedro. O Santo Padre afirmou que esta é uma noite de glória, alegria e luz e recordou as crianças que “jazem nas miseráveis manjedouras de dignidade”.

Na sua homilia Francisco declarou que no Menino que Deus nos dá “faz-se concreto o amor de Deus por nós”. Na simplicidade e fragilidade de um recém-nascido está Deus e não na “sala nobre de um palácio” – disse o Papa.

É um Menino que nos “interpela” e que “nos chama a deixar as ilusões do efémero para ir ao essencial, a renunciar às nossas insaciáveis pretensões” – afirmou o Santo Padre que se referiu à interpelação do Menino na manjedoura:

“Deixemo-nos interpelar pelo Menino na manjedoura, mas deixemo-nos interpelar também pelas crianças que, hoje, não são reclinadas num berço nem acariciadas pelo carinho de uma mãe e de um pai, mas jazem nas miseráveis ‘manjedouras de dignidade’: no refúgio subterrâneo para fugir aos bombardeamentos, no passeio de uma grande cidade, no fundo de uma barca sobrecarregada de migrantes. Deixemo-nos interpelar pelas crianças que não se deixam nascer, as que choram porque ninguém lhes sacia a fome, aquelas que na mão não têm brinquedos, mas armas.”

O “Mistério do Natal” interpela-nos – acrescentou Francisco – porque é ao mesmo tempo um mistério de esperança e de tristeza. O sabor da tristeza descobre-se quando José e Maria encontram portas fechadas e tiveram que pôr Jesus numa manjedoura – disse o Papa que sublinhou que o Natal é sobretudo o sabor da esperança: “Deus, enamorado de nós, atrai-nos com a sua ternura, nascendo pobre e frágil no meio de nós”.

O Papa salientou ainda que “Jesus nasce rejeitado por alguns e na indiferença da maioria. E a mesma indiferença pode reinar também hoje, quando o Natal se torna uma festa onde os protagonistas somos nós, em vez de ser Ele; quando as luzes do comércio põem na sombra a luz de Deus; quando nos afanamos com as prendas e ficamos insensíveis a quem está marginalizado” – observou.

No final da sua homilia na Missa da Noite de Natal neste ano de 2016 o Papa Francisco exortou os cristãos a entrarem “no verdadeiro Natal” com os pastores que estavam entre os marginalizados daquele tempo e sentirmo-nos “amados por Deus”.

Que as armas se calem

Domingo, 25 de dezembro, Mensagem e Benção Urbi et Orbi com o Papa na Praça de S. Pedro.

No Dia de Natal o Santo Padre apelou para a paz no conflito israelo-palestiniano e recordou a “guerra e brutais ações terroristas” no Iraque, na Líbia e no Iémen, e também o sofrimento humano em várias regiões da África, particularmente na Nigéria.

Destaque para os apelos para a reconciliação em países como o Sudão do Sul, a República Democrática do Congo, Mianmar, o leste da Ucrânia, a Colômbia e a Venezuela. O Papa citou também a península coreana pedindo um renovado espírito de colaboração.

Referências na mensagem do Santo Padre para quem perdeu familiares por causa do terrorismo. Votos de paz para os migrantes, os excluídos e os refugiados. Citadas também as pessoas que “sofrem por causa das ambições económicas de poucos” e uma saudação para as crianças “privadas das alegrias da infância” por causa da fome e da guerra.

Importante o apelo de Francisco para a paz na Síria:

“Paz aos homens e mulheres na martirizada Síria, onde já demasiado sangue foi versado. Sobretudo na cidade de Aleppo, cenário nas últimas semanas de uma das batalhas mais atrozes, é tão urgente assegurar assistência e conforto à população civil exausta, que se encontra ainda numa situação desesperada e de grande sofrimento e miséria. É tempo que as armas se calem definitivamente, e a comunidade internacional se empenhe ativamente para se alcançar uma solução negociada e restabelecer a convivência civil no país.”

E com a Benção Urbi et Orbi do Papa Francisco no Dia de Natal deste ano de 2016 terminamos esta “Semana do Papa Especial Natal”. “Venite Adoremus!”

(RS)








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