Guerra na Ucrânia provoca um despertar da fé: não podemos ceder ao ódio!


Roma (RV) - Continuam tensas as relações entre União Europeia e Moscou em função do conflito no sudeste da Ucrânia. Mas a guerra no país também provocou um despertar da fé, segundo a Igreja Greco-católica, que fez-se porta-voz de uma mensagem de paz.

"Nós não odiamos os nossos inimigos", reitera o Arcebispo Mor de Kiev, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, em Roma por estes dias para diversas conferências. Eis o que declarou à Rádio Vaticano:

"Obviamente existem tantos elementos importantes da identidade e tantas formas de conservá-la: a vida litúrgica, a vida comunitária, a estratégia comum de desenvolvimento da nossa Igreja, que se chama "paróquia viva" como o local do encontro com Cristo vivo. Mas devo dizer que quando começou a guerra na Ucrânia, toda a diáspora despertou. Também aquelas pessoas que por vários motivos haviam se afastado quer das comunidades culturais como da Igreja. Retornam, porque sentem que devem fazer alguma coisa por aqueles que sofrem na Ucrânia; frequentemente as pessoas, quer na Ucrânia como no resto do mundo, veem que os políticos, os diplomatas, não conseguem parar a guerra. E por isto as respostas às perguntas difíceis, a nossa gente, quer na Ucrânia, quer na diáspora, encontra no Evangelho, na fé cristã; e esta guerra na Ucrânia provocou um despertar da vida cristã autêntica. A Igreja despertou. Por isto individuamos as dimensões importantes da "paróquia viva", que é uma comunidade que vive a liturgia, uma comunidade que anuncia o Evangelho e ensina a Catequese. Mas sobretudo é uma comunidade que faz o serviço social: porque se uma paróquia se fecha em si mesma morre".

RV: Como convivem o grande sentido de fé, esperança e caridade com o fato de que é difícil vencer os interesses econômicos que estão por trás de tantos conflitos, provavelmente também este conflito na Ucrânia?

"Os agressores modernos, que querem modelar o mundo segundo o seu plano estratégico ou geopolítico, querem incidir sobre todos nós - não somente sobre nós ucranianos, mas também sobre os europeus - dois sentimentos muito perigosos: medo e ódio. Talvez o medo de perder a segurança econômica, por causa das migrações; medo de perder o poder, por novas eleições; medo disto, medo daquilo... Mas a resposta cristã é: "Não tenham medo!", porque não são as leis cegas da economia que dirigem a nossa vida, mas as pessoas livres e responsáveis. Nós somos os construtores quer da nossa vida, quer de nossos países. Não devemos ter medo de nos mostrar cidadãos livres e responsáveis. O segundo sentimento é o ódio: realmente o egoísmo, quer privado como comunitário, faz  agora com que as nações europeias se fechem. É o ódio pelo outro: o desconhecido, o estrangeiro, e assim por diante... É um sentimento muito perigoso porque pode ser, e de fato o é, a causa dos conflitos e das guerras. Talvez uma mensagem que possa vir da Ucrânia seja esta: não podemos ceder ao ódio! Não odeiem aqueles que talvez se apresentem como vossos inimigos. Sabemos que somente o amor é capaz de gerar heróis. Se nós cedermos à tentação do ódio global, isto destruirá quer a colaboração entre os Estados europeus como a segurança mundial, o sistema de segurança".

(je/fm)








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