Guerra, fator que mais alimenta o tráfico de pessoas


Cidade do Vaticano (RV) - “Para a Santa Sé o drama do tráfico de pessoas é uma questão prioritária. As pessoas de boa vontade, de qualquer credo religioso, não podem permitir que homens, mulheres e crianças sejam tratados como objetos. Não podem consentir que sejam violados, enganados, muitas vezes vendidos e revendidos, por interesses lucrativos, destruídos na mente e no corpo antes de serem mortos ou abandonados.”

Foi o que disse o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, em Nova York, Dom Bernardito Auza, no debate promovido pela presidência da Espanha sobre o tráfico de seres humanos em situações de conflito.

Vergonha

“O tráfico de seres humanos é vergonhoso. Deve ser condenado de forma explícita”, frisou o prelado filipino. A lei deve combater, com força, quem comete tais crimes. “O tráfico de pessoas”, recordou Dom Auza referindo-se a um recente relatório sobre o tráfico de pessoas, “é um fenômeno internacional” e a solução deste flagelo requer a colaboração de muitas agências da ONU, a colaboração de governos regionais e locais, e o trabalho de organizações da sociedade civil e religiosas”, disse ainda o arcebispo.

Delito

Dom Auza recordou as palavras proferidas, em 2 de dezembro de 2014, pelo Papa Francisco na cerimônia de assinatura da declaração contra a escravidão que contou com a presença de demais líderes religiosos. “Todas as pessoas são iguais e devem ser reconhecidas sua liberdade e dignidade. Toda relação que não respeita essa convicção fundamental é um delito, e muitas vezes um delito aberrante.”

“Por isso”, acrescentou o Pontífice, “declaramos em nome de todos que a escravidão moderna, em forma de tráfico de pessoas, trabalho forçado, prostituição e tráfico de órgãos é um crime contra a humanidade”. Segundo o Papa, os pobres e desfavorecidos são as principais vítimas dessa escravidão moderna.

Exclusão

Existem muitas causas e fatores que alimentam formas de escravidão moderna como o tráfico de pessoas. Dentre tais fatores “estão a pobreza, o subdesenvolvimento e a exclusão, sobretudo quando existem lacunas no acesso à educação e oportunidades de trabalho”.

“Neste contexto dramático, em que corrupção e avidez desenfreada tiram da pessoa o direito a uma vida digna, o tráfico de drogas e armas, a reciclagem de dinheiro e a prostituição infantil são alguns dos crimes mais ligados ao tráfico de seres humanos”, recordou Dom Auza.

Guerra

Mas o fator que mais alimenta o tráfico de pessoas é a guerra. “Os conflitos obrigam milhões de pessoas a se refugiar, tornando-as vítimas de traficantes. A luta contra o tráfico, para ser eficaz, não pode prescindir da comunidade internacional. A Santa Sé permanece convencida de que os caminhos para resolver questões abertas são os da diplomacia e diálogo. A Santa Sé encoraja o Conselho de Segurança a prosseguir no combate ao tráfico de pessoas, primeiramente, através da prevenção e o fim dos conflitos armados”, concluiu o prelado filipino.

(MJ)








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