Lombardi: Papa não é um ingênuo, tem forte sentido da realidade


Roma (RV) – Um “líder de grandeza mundial”, dotado de “autoridade moral e credibilidade a ponto tal de atrair a atenção dos povos dos diversos continentes”, “capaz de oferecer respostas à perguntas e inquietações muito difundidas hoje na superfície do Planeta sobre o presente e mais  ainda sobre o futuro”.

Assim o Padre Federico Lombardi, no artigo publicado na Revista ‘Civiltà Cattolica’, descreve o Papa Francisco, quando este completa 80 anos:  “não obstante o seu empenho extenuante, continua a demonstrar grande energia”.

Os gestos e palavras do Papa - cuja expressão de liderança mundial é reconhecida não somente por fieis – fazem parte da análise estimulante do Padre Lombardi sobre o pontificado do Papa latino-americano, ao traçar pontes entre a sua comunicação as pessoas e a opinião pública.

O artigo também oferece reflexões interessantes sobre a carência de líderes mundiais, sobre a dificuldades de governança das instituições nacionais e internacionais, sobre os “tons tão decepcionantes” das campanhas eleitorais, mesmo em países de grande tradição democrática.

Discurso aos Movimentos Populares

A propósito das palavras que tornam o Papa Francisco um líder crível, o sacerdote jesuíta recorda, entre os grandes discursos, aquele aos Movimentos Populares, em que o Papa se dirige quer aos “grandes da terra” como “aos pequenos e marginalizados pelo poder”, para fazê-los tornar protagonistas dos caminhos da humanidade.

Laudato Sii

Para Lombardi, a visão mais articulada até agora do Papa sobre as grandes questões da humanidade está presente na Laudato Sii, um “grande documento, que foi acolhido com favor pela sua capacidade de apresentar uma visão sintética e interligada e uma leitura em profundidade das causas da crise ecológica”, dando também “orientações para responder a elas com uma conversão de mentalidade e de vida”.

Migrações

O tema dos migrantes, sempre presente na pauta de Francisco, não passou desapercebido da análise do sacerdote jesuíta. A pregação do Papa Francisco tocou, sem sombra de dúvida, pela sua insistência sobre o tema dos migrantes, que desde a primeira viagem do pontificado a Lampedusa, chamou a atenção mundial para o tema.

Linguagem simples e concreta

A linguagem “simples e concreta”, “próxima à vida cotidiana de cada um e às experiências das pessoas comuns”, “longe de atrair sobre ele ironias ou desprezo, na realidade atraiu a admiração de pessoas importantes e cultas, tocadas pela sua capacidade de estabelecer uma imediata sintonia com os seus ouvintes por meio de uma linguagem adaptada”.

Da linguagem à diplomacia, Lombardi assinala a força da “iniciativa pessoal” do Papa, que ajudado pela sua diplomacia, e o seu esforço em “reabilitar a política” quer indicar à sociedade civil novos e mais críveis modos de participação, sobretudo na educação.

Senso de realidade

O Papa Francisco – observa Lombardi – “não é um ingênuo”, tem de fato “um sentido realístico” das dificuldades, da dureza dos conflitos e da complexidade das situações”, mas não faz somente crítica, faz também “profecia” e nos convida também a sonharmos, a “orientar o dinamismo da história”, apelando às mentes e às consciências.

Não deve ser esquecido, que a inspiração originária de tudo isto é “radicalmente evangélica” e que “a raiz da justiça e da solidariedade se encontra na fraternidade e na dignidade de todas as pessoas humanas filhas de um pai comum”.

(je/ansa)

 

 








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