Como o agronegócio impacta o cerrado e seus habitantes?


Cidade do Vaticano (RV) – Dom Adriano Ciocca é o bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. Italiano, chegou ao Brasil em 1979  como missionário, à diocese de Petrolina, onde foi assistente espiritual do seminário. Em 1992 foi para Petrolândia (PE) e em 1999 foi nomeado bispo da Diocese de Floresta (PE). Até 2011, foi o bispo referencial da CNBB para as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Em 2012, foi transferido para a Prelazia de São Félix do Araguaia.

Do sertão para o cerrado, onde o índice de desmatamento é 2,5 vezes maior que a Amazônia. O bioma cerrado alimenta grandes rios como o São Francisco, o Amazonas, o Paranaíba e o Araguaia e é conhecido como a caixa d’água do Brasil. Com tanta água disponível e superfícies planas, o Cerrado tem grande vocação agrícola e sua produção elevou o Brasil à posição de segundo maior produtor de alimento do mundo.

Segundo Rafael Loyola, diretor do Laboratório de Biogeografia da Conservação da Universidade Federal de Goiás, metade da área originalmente coberta pelo Cerrado já foi transformada em algo diferente e apenas 8% do bioma é protegido por unidades de conservação. Que impacto o título de “celeiro nacional” tem sobre a população local, assentados e indígenas?

De acordo com o bispo, Dom Adriano Ciocca, o agronegócio gerou uma enorme valorização das terras; e as famílias começaram a entregar suas propriedades, tentadas por tanto dinheiro. Foi uma ‘forma de agressão’ em cima dos pequenos proprietários. Com isso, as terras foram se concentrando nas mãos de poucos.

Outra pressão sofrida é a causada pelo uso intensivo de defensivos agrícolas, que se espalham por cerca de 25 km a partir do ponto em que são borrifados dos aviões. Estes produtos muitas vezes destroem as plantações dos pequenos agricultores, além de provocar problemas respiratórios e alergias na população.

Já os indígenas são aliciados para alugarem suas terras para o gado, o plantio e a construção de estradas. Submetidos à presença contínua de pessoas ‘de fora’ e as comunidades sofrem com o desequilíbrio de sua vida interna.

Ouça a entrevista, clicando aqui:

(CM)

 








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