Editorial: Um novo caminho


Cidade do Vaticano (RV) – Estamos concluindo a primeira semana do Tempo do Advento; “um novo caminho de fé em que o povo de Deus vai ao seu encontro e Ele vem até nós”, como definiu o Pontífice no Angelus do último domingo. O Senhor nos visita continuamente, todo dia, caminha ao nosso lado, é uma presença de consolação, disse o Papa. 

E nesta semana fomos atingidos por uma terrível tragédia que envolveu a equipe do Chapecoense, mas também o mundo da imprensa e da aviação. 71 pessoas perderam a vida em uma tragédia assustadora nos céus da Colômbia. Um sonho, o do Chapecoense, que se transformou em um pesadelo de dor. O Brasil parou. O mundo esportivo mundial parou e chorou a dor da perda que envolveu a todos, como se fosse uma dor de família. Não podemos nem mesmo imaginar a dor e a tristeza dos familiares.

As demonstrações de afeto chegaram de todas as partes do planeta e neste final de semana o adeus derradeiro, com os funerais. Adeus a pessoas que foram arrancadas de seus sonhos.

Também o Papa Francisco expressou seu pesar pela tragédia da Chapecoense durante a Audiência Geral da quarta-feira, recordando a dor do povo brasileiro pela tragédia do time de futebol. Pediu ainda para rezarmos pelos jogadores mortos, pelas suas famílias. Nós da Rádio Vaticano expressamos nossos sinceros sentimentos às pessoas que perderam seus entes queridos, e que Deus dê conforto a todos nesta hora de tanta dor.

Neste tempo de Advento, somos chamados a ampliar o horizonte de nosso coração, a deixarmo-nos surpreender pela vida que apresenta a cada dia suas novidades. O Senhor vem na hora que não imaginamos. Vem para nos conduzir a uma dimensão mais bonita e maior. Então, devemos nos colocar em caminho para encontrar o Senhor. Um encontro que pode ocorrer somente se somos humildes, como disse Francisco na sua homilia na terça-feira.

E precisamente sobre o tema da humildade Francisco tem insistido muito no seu Pontificado. Somente os pequeninos, “são capazes de entender” plenamente “o sentido da humildade”, - disse o Papa -, o “sentido do temor de Deus”, porque “caminham diante do Senhor”, vigilados e protegidos. Esta é a verdadeira humildade.

A humildade é a virtude dos pequeninos, a verdadeira humildade, não a humildade um pouco teatral: não, enfatizou nesta semana o Santo Padre. “A humildade do pequenino é aquela que caminha na presença do Senhor”.

O Advento nos chama a imitarmos os personagens do tempo de Jesus, disse dias atrás à Rádio Vaticano o Cardeal Edoardo Menichelli. Quem foi que acolheu o Filho de Deus nascido em Belém? Os simples, os puros, os humildes. Aqueles que não fizeram grandes raciocínios sobre o porquê e sobre o como; simplesmente aceitaram um convite, uma proposta, um ato de livre adesão. Portanto, a humildade é o comportamento mais útil e necessário, indispensável para acolher o dom de Deus, para acolher Deus.

Humildade é uma palavra perturbadora, disse também Dom Menichelli: basta pensar no Deus Todo-poderoso, que fez todas as coisas. Fez-se pequeno, humilde, assumiu a nossa natureza, e experimentou a nossa fragilidade.

Vivemos em um mundo de força, de domínio, de poder. E quando temos a proposta de Francisco, a proposta do Evangelho da humildade, tal proposta pode parecer escandalosa e ninguém quer acolher. Assim, talvez, os gestos de humildade, de simplicidade, de autenticidade do nosso Papa Francisco, nem sempre podem ser acolhidos e compreendidos, apesar de mover corações e sentimentos de muitos.

Advento é “um tempo para caminhar e ir ao encontro do Senhor, é um tempo para não ficar parado”.

Recordamos que o nosso Deus é um Deus das surpresas; o Deus que está nos procurando, nos esperando, e que nos pede somente para darmos o pequeno passo da boa vontade.

Este o convite para vivermos o tempo do Advento, como caminho ao encontro do Nosso Senhor.

Francisco não se cansa de dizer que “o Senhor vai sempre além, vai primeiro. Nós damos um passo e Ele faz dez. Sempre”. (Silvonei José)








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