Terra Santa: fecha-se a Porta Santa, mas permanece a Misericórdia pelas feridas


Jerusalém (RV) – Com uma Santa Missa celebrada na Basílica do Getsêmani – presidida pelo Vigário Patriarcal Dom William Shomali, juntamente com o Custódio da Terra Santa, Francesco Patton – será fechada este sábado em Jerusalém a Porta Santa, aberta justamente na Basílica da Agonia em 13 de dezembro de 2015, por ocasião do Jubileu da Misericórdia.

Um ano muito rico, marcado por pequenas mas significativas iniciativas - explica aos microfones da Rádio Vaticano o Arcebispo Pierbattista Pizzaballa, franciscano, Administrador Apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém, e que nos dias passados participou em Roma da reunião da 14ª Comissão bilateral das delegações do Grande Rabinato de Israel e da Comissão da Santa Sé para as Relações com o Judaísmo.

“É o mesmo do fechamento do Jubileu e da Porta Santa um pouco como em todas as partes do mundo: o de concluir – como disse também o Papa Francisco – o Ano Jubilar, fazendo também tesouro de tudo o que foi feito neste ano e de continuar a ternura aberta – como disse o Pontífice – a “Porta da Misericórdia”. E quem mais do que nós? Aqui na Terra Santa temos necessidade de misericórdia pelas tantas feridas e divisões que nos envolvem”.

RV: O fato de que as Portas Santas tenham sido abertas também – e sobretudo – onde é mais intenso o sofrimento dos cristãos e onde a dificuldade de convivência entre os fieis de diferentes religiões assume muitas vezes uma dimensão bem visível, fez nascer o que na Terra Santa?

“Gerou tantas iniciativas. Não esperávamos isto e não tivemos grandes eventos que tenham mudado o curso da história aqui no nosso presente, porém tivemos tantas pequenas iniciativas a nível de território: penso na ajuda aos refugiados, aos imigrantes; penso nas tantas iniciativas de parcerias entre escolas israelenses e palestinas. Tantas pequenas realidades que marcaram um pouco o território na vida ordinária de tantas pessoas”.

RV: Infelizmente se registra ainda uma tensão nas conversações israelense-palestinas. Quais são os seus votos?

“O meu desejo é que os políticos, aqueles isto é, que devem tomar as decisões, tenham coragem e visão. Infelizmente, com muito realismo, devo dizer que a curto e médio prazo não vejo tudo isto. Mesmo assim continuamos a trabalhar no território, com as pessoas, para fazer alguma coisa. Existem muitas iniciativas a nível de associações e também a nível religioso entre cristãos, judeus e muçulmanos, que não são notícia, e que talvez também até seja bom que não se transformem em notícia, porque de outra forma entrariam dinâmicas de visibilidade e de medo que poderiam complicar o todo. Mas são muitíssimas”.

RV: Recentemente o senhor assinou um Documento conjunto entre o Grande Rabinato de Israel e a Santa Sé. Depois a Resolução da UNESCO que fala dos Lugares Santos de Jerusalém Leste, nomeando-os somente em árabe e não em língua hebraica. O que se falou a respeito da tentativa de negar a história bíblica e a ligação do povo de judaico ao lugar mais santo do mundo, o Monte do Templo?

“Evidentemente, naquela circunstância, havia muito desapontamento, sobretudo pela parte judaico-israelense e não tanto pelo conteúdo, mas pelo modo como foi escrito e elaborado (o Documento da resolução, ndr) que é objetivamente problemático”.

RV: Portanto, foi reafirmado o princípio do respeito universal pelos Lugares Santos de cada religião?

“Certo. É necessário haver um respeito universal por todos os Locais Sagrados, os muçulmanos, os cristãos e os judaicos. E sobretudo respeito pela história. Ninguém quer negar a realidade presente, mas a história é aquela e não existem elementos para mudá-la”.

RV: Depois deste comunicado, qual será o próximo passo da Comissão Conjunta?

“Haverá outras reuniões e iniciativas aqui na Terra Santa e em Israel, de continuação destes colóquios sobre vários temas: o próximo tema será sobre a mídia e ética, que é um tema muito atual”.

(je/ga)

 

 








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