Três elementos da Gaudium et Spes


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos abordar no programa de hoje três elementos da Gaudium et Spes: a concepção de Igreja, a relação entre a história da salvação e a história dos homens e a missão da Igreja no mundo de hoje.

A maioria dos teólogos são unânimes em considerar que a Gaudium et Spes (GS) representa a expressão particularmente significativa de uma atitude de abertura da Igreja, a partir do Vaticano II, em relação com o mundo contemporâneo. A categoria do diálogo fornece a chave para a elaboração e para a compreensão do texto da GS. Ela é a “magna carta” do diálogo entre a Igreja e o mundo. 

No programa de hoje, Padre Gerson Schmidt nos propõe uma reflexão sobre três elementos deste precioso documento:

"Muitos membros no Concílio Vaticano II manifestaram a solidariedade da Igreja com as linhas de desenvolvimento e os esforços da humanidade para superar os grandes problemas da atualidade: a paz, a fome, a igualdade, e liberdade, a violência... Estas orientações e preocupações candentes confluíram todas na Gaudium et Spes[1].

Os elementos que se destacam da eclesiologia da Gaudium et Spes estão, logicamente, relacionados com a Lumen Gentium. Todavia, podemos apontar-se três elementos concretos na Gaudium et Spes. O primeiro elemento é a concepção de Igreja, que situa o documento no âmbito doutrinal. O segundo elemento é a relação entre a história da salvação e a história dos homens. O terceiro elemento é a missão da Igreja no mundo de hoje – título do documento conciliar.

Desde logo, prevaleceu entre os padres conciliares o ponto de vista de que a abordagem dos problemas relativos à natureza da Igreja devia ter um trato proporcional no aprofundamento do interesse cristão no mundo. Na medida em que o debate em torno do documento sobre a Igreja avançava, essa consciência de atuação no mundo também se aprofundava.

Os debates sobre os dois primeiros capítulos da Lumen Gentium tiveram valor decisivo para o empenho do aprofundamento das relações entre a Igreja e a história, a ponto da Introdução da Gaudium et Spes provar essa afirmação: “Depois de haver investigado de modo mais profundo o mistério da Igreja (...)”. O mesmo encontra-se no início da primeira parte do IV capítulo: “(...) pressuposto tudo o que foi já foi publicado por este Concílio sobre o mistério da Igreja” (n. 40) [2]. Portanto, a relação da Igreja – o diálogo com o mundo  - nasce da própria consciência da missão e identidade da Igreja consigo mesma.  A Igreja não existe por si mesma, mas enquanto exerce sua missão no mundo, para a salvação do mundo".

 

[1] A. ALBERIGO, op. cit., p. 178.

[2] Id., p. 184-188.

 

 








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