Físico brasileiro apresenta no Vaticano alternativas aos antibióticos


Cidade do Vaticano (RV) – Os cientistas precisam se aliar na defesa do meio ambiente: foi o pedido que o Papa Francisco fez ao receber os membros da Plenária da Pontifícia Academia das Ciências.

O único membro brasileiro da Academia é o Professor da Universidade de São Paulo Vanderlei Bagnato. Ao cumprimentar o Pontífice, o físico disse que a ciência está a serviço do Papa.

A sua contribuição à Plenária é a apresentação de alternativas para evitar o que ele chama de “catástrofe antibiótica”:

Em termos de sustentabilidade, a vida é fundamental. Nós queremos criar sustentabilidade no planeta para que todas as formas de vida sejam plenas. A saúde do ser humano é um desses elementos, faz parte da sustentabilidade. E nós estamos passando por um processo com relação ao controle das infecções que é muito grave. Muitas das infecções bacterianas não mais respondem a antibióticos. Já é comum em qualquer país, em qualquer sociedade, você encontrar pessoas que infelizmente estão morrendo nos hospitais porque adquiriram uma bactéria que os próprios medicamentos que aquele hospital é capaz de oferecer não satisfazem. Essas superbactérias estão se proliferando. E os antibióticos estão entrando no que eu chamo de uma “catástrofe”: eles estão deixando de ter o poder de controlar as infecções. E a ciência está olhando para isso. Como as indústrias farmacêuticas disseram que está muito difícil resolver o problema rapidamente, nós temos que procurar alternativas. Eu sou um desses cientistas que trabalham para que a gente consiga adicionar algum tipo de controle das infecções, principalmente nas crianças. Toda criança  - até seu segundo ano de idade - sofre muitas infecções, pois ela está desenvolvendo seu sistema imunológico. Portanto, experimenta vários antibióticos. E este é o nosso grande problema: é o uso abusivo de antibiótico que está tornando as bactérias resistentes. Então para muitas das infecções devemos deixar de usar antibiótico para reservá-lo para aquelas situações onde ele seja realmente importante. E técnicas usando luz, “foto-oxidação”, têm sido empregadas. No Brasil hoje nós estamos tratando vários tipo de infecção, inclusive as infecções de garganta de crianças, com técnicas utilizando substâncias fotoativas e luz. A criança chupa uma bala durante três a quatro minutos, as placas bacterianas são impregnadas com aquela substância, uma luz vai ali dentro e produz uma fotorreação, que imediatamente mata as bactérias. Em 94% dos casos de infecção que nós tratamos em alguns grupos com algumas centenas de crianças, isso se mostrou extremamente eficiente. E quando não funciona, aí sim você pode ter a outra alternativa. Nós estamos hoje com técnicas que vão permitir tratar pneumonia com a inalação de uma substância e uma iluminação extracorpórea. Isso tudo vai contribuir para que as superbactérias não vençam e que, de fato, a vida tenha a sustentabilidade que precisa.








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