Papa doa relíquia de São Francisco a Kirill pelos seus 70 anos


Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco enviou uma mensagem ao Patriarca de Moscou e de Todas as Rússias, Kirill, por ocasião de seus 70 anos, e presenteou o patriarca russo com uma relíquia de São Francisco de Assis.

Na nota, o Pontífice transmite suas felicitações ao patriarca russo, definido pelo Papa como seu “amado irmão em Cristo” e garante “suas orações fervorosas” pelo Primaz da Igreja Ortodoxa Russa. 

“Agradeço ao Senhor por esta bênção generosa, e pelo dom de sua vida e do ministério de Pastor da Igreja Ortodoxa Russa. Agradeço por sua contribuição pessoal em favor da reaproximação entre as nossas Igrejas, e com grande alegria recordo o nosso encontro”, afirma ainda o Papa na mensagem, referindo-se ao encontro histórico realizado em Havana, Cuba, com o Patriarca Kirill, em fevereiro deste ano. 

O documento papal e o presente foram entregues pessoalmente a Kirill, nesta terça-feira (22/11), pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, acolhido no mosteiro de São Daniel de Moscou pelo patriarca russo.

Da parte da Igreja Ortodoxa Russa participaram do encontro o presidente do Departamento para as relações eclesiásticas externas do Patriarcado de Moscou (Decr), o metropolita Hilarion de Volokolamsk, o reitor da Academia Teológica de São  Petersburgo, o arcebispo Amvrosij di Peterhof, o vice-presidente do Decr, o arquimandrita, Filaret (Bulekov), e o colaborador do Decr Pe. Aleksej Dikarev. Da parte católica, além do Cardeal Koch, estiveram presentes o Núncio Apostólico na Russa, Dom Celestino Migliore, e o responsável pela seção oriental do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Dom Hyacinthe Destivelle. 

O Primaz da Igreja Ortodoxa Russa agradeceu a visita da Igreja Católica interpretada por ele como um “gesto bom e uma ocasião de troca de opiniões sobre a agenda comum”. 

A seguir, Kirill afirmou que “o Patriarcado de Moscou e a Santa Sé estão preocupados com o sofrimento dos cristãos no mundo de hoje, sobretudo no Oriente Médio, no Norte da África e outros lugares”. 

Durante a conversa com o Cardeal Koch, o Patriarca Kirill recordou o  seu encontro, em Havana, com o Papa Francisco, destacando a repercussão positiva na comunidade internacional. 

“Depois desse encontro, nos níveis elevados em muitos países, se começou a falar sobre o genocídio dos cristãos no Oriente Médio, e esse assunto tocou o centro da agenda política”, disse o patriarca ortodoxo. 

O Primaz da Igreja Ortodoxa Russa ressaltou com amargura que hoje a situação na Síria e no Iraque recomeçou a se deteriorar. “Não somente pelos combates em Aleppo e Mossul, mas também porque não se consegue por fim aos sofrimentos das pessoas, e a coalizão existente não alcançou ainda uma coordenação adequada das ações, necessárias para uma luta eficaz contra o terrorismo. Estou convencido de que somente através de ações coordenadas conjuntas para alcançar objetivos específicos será possível deter o  terrorismo”, frisou ainda Kirill.

Durante a conversa foi ressaltada a importância de ter iniciado juntos uma série de iniciativas, primeiramente a viagem realizada na Síria por uma delegação católica e ortodoxa, em 7 de abril passado. 

“Foi uma visita importante que ajudou os representantes de nossas Igrejas a considerar a situação na Síria e Líbano, e construir as bases para uma colaboração ulterior a fim de ajudar as pessoas”.
 
As partes iniciaram a trabalhar numa lista de templos e locais religiosos que foram destruídos após as ações militares. “Esperamos que a guerra termine e que as pessoas possam viver em paz. Com isso, se poderá pensar seriamente na reconstrução da Síria”, disse Kirill.
 
“Para nós cristãos é importante que os templos sejam restaurados, e as pessoas possam voltar a ter uma vida religiosa normal. Continuaremos a trabalhar com a Igreja católica e seus representantes para fazer tudo o que for possível para por fim aos sofrimentos, e para que as pessoas possam voltar a uma vida pacífica”, concluiu o patriarca russo. 

(MJ)








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